COMO FUNCIONA UMA BANDA
I. MÚSICA
- uma banda existe para tocar músicas.
- música é igual ao carro: para funcionar, as rodas não podem estar no capô e no portamalas.
- da mesma maneira, a música deve seguir uma ordem para funcionar.
- a música deve tocar as pessoas. Para isto, ela precisa de meios para atingi-las.
II. COMO SE FAZ MÚSICA
Parte 1 - ORDEM
- muitos erroneamente chamam de fórmula, mas não é.
- na verdade, o que existe é uma ordem: da mesma maneira que não podemos colocar as rodas do carro no portamalas, nós também não podemos ir colocando o refrão ou os solos em qualquer lugar da música.
- existem vários esquemas a se seguir, mas acredite: os mais simples são os que melhor funcionam.
- trabalharemos com dois esquemas simples:
Esquema 1
1º. Introdução => 40 segundos já é exagero!
2º. Estrofe(s) => uma ou duas.
3º. Refrão
4º. Estrofe(s)
5º. Refrão
6º. Solo/arranjo
7º. Refrão / fim
Esquema 2
1º. Introdução => 40 segundos já é exagero!
2º. Estrofe(s) => uma ou duas.
3º. Refrão
4º. Estrofe(s)
5º. Refrão
6º. Pós-refrão => isto embeleza a música e reforça a ideia que se quer passar.
7º. Solo/arranjo => opcional
8º. Refrão / fim
Parte 2 – LETRAS
- as letras são o mais importante em uma música. Juntamente com a voz, são elas as primeiras a ser entendidas.
- as letras devem fazer sentido para o autor e, principalmente, para o ouvinte.
- não necessariamente o sentido para o ouvinte deve ser igual ao sentido da letra para autor, porém, as letras devem fazer algum sentido para quem canta e para quem escuta.
- letras nada mais são do que textos. Se não existem palavras para ligar as frases, não haverá compreensão das letras e, consequentemente, o ouvinte não se identificará com a música.
- refrões simples e melódicos são os que mais surtem efeitos.
- são através dos refrões que se ganha o ouvinte. Por isto, eles devem ser claros e objetivos.
Parte 3 – EXECUÇÃO DAS MÚSICAS
- motorista que dirige mal, não chega ao seu destino. Da mesma maneira, banda que executa mal, não chegará ao se destino: tocar as pessoas (e a si mesmo também).
- para executar bem uma música, cada músico (instrumento) deve fazer a sua função respeitando a hierarquia musical.
III. COMO SE EXECUTA UMA MÚSICA
- primeiramente, deve-se compreender e aceitar que há uma HIERARQUIA MUSICAL.
- todos os instrumentos (músicos) se destacam individualmente em uma música, porém, uns se destacam com mais frequência e outros com menos.
- assim, cada instrumento tem a hora certa de “aparecer”, portanto, o músico deve aguardar pacientemente o seu momento de se destacar.
Parte 1 – HIERARQUIA MUSICAL
- imagine um show de uma banda profissional... Qual músico está à frente de todos os outros no palco? O cantor, ou seja, a voz!
- acompanhada ou não de outro instrumento, a voz está no topo da hierarquia musical.
- querer se destacar mais do que a voz é o mesmo que querer andar colocando as rodas no capô de carro... Não dá certo!
- a hierarquia em uma banda de rock se dá da seguinte forma:
1º. Voz
2º. Guitarra
3º. Baixo
4º. Bateria
=> voz e guitarra são instrumentos de frente.
=> baixo e bateria são instrumentos de fundo.
1º. Voz
- é o cartão postal de uma banda. Os outros músicos até podem ser bons, mas se o vocalista for ruim (ou seja, desafinado), automaticamente a banda se tornará ruim.
- portanto, é a maior responsabilidade de uma banda no palco, pois é ele quem “dá a cara a tapa” ao público.
- é um instrumento delicado, pois é orgânico, e assim, sensível, sujeito à tensões emocionais, ao bom ou mau humor.
- quanto mais singular for o timbre da voz, mais fácil ela costuma brilhar. No entanto, existem timbres que costumam agradar e timbres que não costumam agradar.
- é importante que o timbre da voz esteja em sintonia com o tipo de música que se canta ou com a proposta da banda.
- a voz deve estar perfeitamente afinada.
- para que o a voz atinja a perfeição, o vocalista deve estar à vontade. E para que isto ocorra, a banda deve estar muito entrosada, pois só assim o vocalista poderá se concentrar na melodia e na letra durante a execução.
- portanto, não há bom vocalista sem uma boa banda por trás.
- todos os músicos devem tocar para que o vocalista possa executar a música adequadamente. - É por isto que a voz está no topo da hierarquia musical. A voz reina.
2º. Guitarra
- se a voz é o rei, a guitarra é a rainha.
- enquanto a voz repousa na música, quem reina é a guitarra.
- portanto, assim como a voz, a guitarra carece de serventes.
- ou seja, se não para a voz, os demais músicos devem tocar para a guitarra.
- o guitarrista deve se lembrar que, enquanto a voz canta, ele deve servir ao vocalista, porém, enquanto o vocal descansa, o restante da banda deve tocar para a guitarra.
- assim como a voz, o timbre da guitarra deve estar em sintonia com a música ou com a proposta do grupo.
- por isto, um bom guitarrista escolhe as guitarras e os cubos com os timbres certos para cada música, cada álbum ou cada banda.
- um bom guitarrista escuta o baixo para se guiar no tempo.
3º. Baixo
- a voz é o instrumento mais importante para o público, porém, o baixo é o instrumento mais importante para a banda.
- o baixo funciona como uma ponte, uma ligação.
- é ele quem liga a percussão às notas.
- se baixo e bateria fazem parte da cozinha, o baixista é o garçom e o baterista o cozinheiro. Os convidados então seriam a guitarrista e o vocalista (que serão servidos pela cozinha).
- o baixo é muito importante pois, ao mesmo tempo em que é um instrumento de cordas, atua também como um instrumento de percussão.
- sendo assim, o baixo deve estar em sintonia com a bateria para ligá-la aos instrumentos de frente.
- o baixo bem executado é aquele que, além de afinado, TOCA JUNTO COM A BATERIA.
- grosso modo, baixo e bateria são um único instrumento (que recebe o nome de Cozinha), porém tocado por dois músicos simultaneamente.
- um bom baixista escuta a bateria para se guiar no tempo.
4ª. Bateria
- é o motor da banda.
- com um baterista bom, a banda garante 50% de qualidade.
- um bom baterista:
I. toca no tempo;
II. é amigo do metrônomo;
III. tem dinâmica (variação de intensidade);
IV. não polui a música com pratos e viradas exageradas;
V. toca em sintonia com o baixista;
VI. espera a sua vez para se destacar na música.
- para que uma banda seja claramente ouvida, o baterista tem que ter a noção do volume de seu instrumento. Salvo shows em lugares muito abertos (como estádios de futebol), o baterista deve perceber se sua execução está, no geral, muito alta ou muito baixa.
- bateria em volume alto faz com que baixistas e guitarristas aumentem o volume de seus instrumentos e, consequentemente, faz com que os vocalistas tenham que se esgüelar no microfone e, portanto, não ficarão a vontade para cantar. Ah! E dessa mesma forma, o baterista fará o público tapar as orelhas e se distanciar do palco – limando assim o tesão da banda e a “queimando” no show.
- o baterista tem que compreender que o seu instrumento está abaixo na hierarquia musical, e que a sua função é tocar para que outros músicos se destaquem.
- porém, o baterista não deve se preocupar... Sempre sobra um lugarzinho na música, no show ou no álbum para ele se destacar e mostrar todo o seu talento. Mas tem que ter paciência para esperar esta hora chegar.
Parte 2 – SONORIDADE CLARA
- respeitando a hierarquia musical, a banda ficará em harmonia e soará limpa (por mais distorcidas que possa ser as guitarras e a voz).
- os instrumentos de tempo (baixo e bateria) são a base da banda. Portanto devem estar concentrados na cadência do ritmo.
- com a base da banda firme, guitarristas e vocalistas pintam e bordam nas canções, pois o trabalho “mais pesado”, que exige maior esforço e concentração, estará devidamente sendo executado pela cozinha.
- pensando como um piano, a cozinha seria a mão esquerda (médio-grave) que obedece ao tempo, ao ritmo e à base, e a mão direita (médio-agudo) - solta para solar e aparecer - seria a guitarra e o vocal.
- e assim, consegue-se entender claramente o que é a banda.
IV. OS DIFERENTES AMBIENTES
Parte 1 – ENSAIO
- a regra número um é respeitar os horários de ensaio, principalmente, o horário de início.
- o ensaio serve para a banda se ouvir e se corrigir.
- portanto, quanto mais baixo puder estar o volume, melhor (desde que a execução esteja confortável para o músico).
- mesmo assim, muitos erros “passam” no ensaio. Mas quanto mais ensaios, menos erros “passam”.
Parte 2 – ESTÚDIO
- gravação não é show. Portanto, nada de regaço, farras, bebidas exageradas e público.
- gravação é um processo chato e lento. Não tenha pressa.
- take one ou instrumentos separados, não importa: o músico deve ir com a música na cabeça. Saber a hora certa de cada nota, cada prato, cada bumbo, cada grito, cada riff e etc.
- para se gravar no estúdio, a música deve estar pronta.
- no estúdio de gravação não se cria música. O que se cria são arranjos secundários em cima de uma música pronta.
- se o músico não tem a melodia de seu instrumento pronta na cabeça e ensaiada, é bom não perder tempo e dinheiro indo a um estúdio.
- o estúdio capta qualquer errinho, portanto, esteja MUITO ensaiado.
- não conte com correções digitais. Por mais que se corrija erros no computador, nunca ficará bom como uma execução perfeita.
- não conte também com timbres milagrosos criados em computadores. Leve o seu timbre pronto de casa.
Parte 3 – SHOW
- é onde todo o esforço que se fez – desde a composição aos massantes ensaios e gravações – é recompensado.
- o show é para se divertir. Não pode ser tenso. Tem que ser descontraído, confortável, relaxante. Se errar, errou. Dê risadas e continue. Depois você se xinga.
- Nunca se esqueça que existe uma linha tênue entre diversão e profissionalismo. Ou seja, todo regaço é permitido, desde que não atrapalhe a execução do seu instrumento e as demais execuções da banda.
- palco é local de trabalho de músico, e não de namorada.
- show é lugar de improviso, mas faça-o com prudência, moderação e respeito (ao público e aos músicos da banda).
- fale com o público. Ele está lá para te ver.
- E sim: figurino é importante, afinal, se fosse só para ouvir o público ficaria em casa ouvindo CD.
músico com OMB e baterista da banda PRONÚNCIA
Po, parabéns Hugo, é praticamente isso mesmo o que faz funcionar uma banda, sem tirar nem por... mas pra ter uma banda além de tudo isso tem que ter interesse e não porque é moda ter uma... toda banda cujo as musicas são tocadas de coração soa bem melhor do que outras tocadas por profissionais que só tocam por dinheiro...o público sente o que é sincero e o que não é.
ResponderExcluirparabéns.. irá virar analista de bandas...abraçooos
Crítico musical? Puts... vou pensar. Mas aindo sonho em tocar! hehehehehehehehe.
ResponderExcluirBoa Hugo! Agora sei como montar uma banda. Dá muito trabalho. Vou continuar brincando com minha batera. Texto muito bom.
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