quinta-feira, 30 de setembro de 2010
O fim dos tempos - parte 4
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Carta à Ordem dos Músicos do Brasil (OMB)...
Olá! Meu nome é Hugo Pezatti Martin e sou músico registrado na Ordem dos Músicos do Brasil (OMB). Resido na cidade de São José do Rio Preto-SP, sub seção Roberto Farath Junior (omb.riopreto@ombsp.org.br). Sou compositor e infelizmente há poucos espaços para a divulgação da minha arte. No entanto, este e-mail não tratará como tema principal a falta de espaço aos músicos autorais. Este é um e-mail denúncia e um e-mail sugestivo na defesa do músico riopretense e nacional (se a ideia der certo...).
Para que me entendam, por favor me permitam algumas linhas para falar de mim e descrever o cenário musical de São José do Rio Preto-SP...
Moro nesta cidade há 27 anos dos quais, 13, como músico – porém, não como meio de sobrevivência (infelizmente...). Nesse período, tenho acompanhado as mudanças no cenário musical tanto daqui (S. J. Rio Preto e Brasil) quanto de fora. E externamente tenho fatos horríveis a divulgar, como foi o caso da entrevista do ex-vocalista do Iron Maden, Paul D’ianno, à TV Cultura tempos atrás. Nela, o músico afirma que o Brasil é um dos últimos países em que o músico (ou banda) iniciante não precisa pagar para se apresentar. Isto é muito triste... Outro fato entristecedor é o que acontece atualmente em S. J. Rio Preto (e, acredito, que em várias cidades do país): a má remuneração dos músicos.
Minha cidade tem elevado padrão de vida e PIB (90º do país [ver em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pibmunicipios/2004/tab02.pdf]. Mas não é necessário entrar no site do IBGE para constatar a alta qualidade de vida e renda da população daqui. Basta ir aos “barzinhos” da cidade que se comprovará. Além de haver “milhares” deles (onde sempre encontraremos músicos exercendo a profissão), os famosos cover artístico, portaria e preço de bebidas em geral são elevados. E esses “barzinhos” vivem cheios de público nos horários happy hour e nos finais de semana. Creio que já sabem onde irei chegar... E sim! Veio por meio deste denunciar a baixa remuneração dos músicos especificamente em um casa de show daqui. Mas não é só isto. Também quero sugerir algo a ser feito, afinal, como artista, estou acostumado a usar a criatividade para resolver situações...
Como sou músico autoral, e por causa disto não tenho espaço para me apresentar aqui, não tenho medo de denunciar os abusos feitos aos meus colegas de profissão musical. Já os meus amigos, que dependem da renda cachê para sobreviverem, não se atrevem a falar um “A” (a ditadura psicológica é perversa mesmo...). Sei que não terei apoio físico dos meus colegas (por questão de garantir seus empregos), mas sei que terei apoio incondicional nas mentes deles quando souberem deste e-mail a OMB.
A casa que quero denunciar (que, ao que me consta, a OMB já sabe da má fama de pagador há algum tempo) é o Vila Dionísio - que remunera muito mal os seus músicos. Basta fazermos uma conta simples para entendermos... Só de portaria, o cliente paga um preço que varia de R$10,00 a R$20,00 reais (levando em consideração as diferenças de sexo e dias da casa). Portanto, supondo uma média de R$15,00 por pessoa e de 400 pessoas em uma noite, o bar retira de portaria em um sábado, no mínimo, R$6.000,00. E acreditem: estou supondo números muito baixos... Uma garrafa de cerveja custa R$4,00 (se não estou desatualizado, pois há tempos recuso-me a frequentar o local). Cada pessoa consome, no mínimo, uma garrafa. Assim, supondo este número absurdamente baixo de consumo de cerveja, o bar ainda lucra mais R$2.000,00 (considerando as referidas 400 pessoas). Somando-se a isto os famosos 10%, totaliza-se um lucro de pelo menos R$8.200,00.
Porém, sinto-me muito envergonhado em revelar estes números, pois acredito que se os sócios do Vila Dionísio os virem, com certeza cairão de gargalhadas de tão baixa que é a minha estimativa de lucro neste exemplo... Agora... Eu gostaria que a OMB se envergonhasse junto comigo: o valor pago por cada músico na casa é de R$150,00.
Ok! Vamos ao ponto agora! O Vilo Dionísio trabalha com músicos fixos (de S. J. Rio Preto) que, permutados, tocam diariamente no local. Assim, mesmo com os meros R$150,00, cada músico riopretense do Vila Dionísio ainda consegue tirar um “salário mensal” que varia em R$1.250,00. Os olhares leigos - que sempre desvalorizaram o músico no Brasil - podem achar que este “salário” é alto. Mas nós – músicos e OMB - sabemos que não. Existem lugares em que o cachê de uma banda varia de R$2.000,00 a R$3.000,00 e o Vila Dionísio tem condições para fazer isto se quiser. Mas os músicos desta casa não tem condições (coragem, predisposição ou seja lá o que for) de protestar contra o Patrão Dionísio. Se não perdem o emprego, né?. E perdem mesmo! Vamos a um outro fato...
Em 2008, além do Vila Dionísio, Rio Preto contava com uma casa concorrente - chamada Toma-Rock. Naquela época, a portaria do Vila Dionísio já era cara e, mesmo assim, a casa ousava pagar meros R$80,00 por músico riopretense (visto que músicos de fora costumam receber mais). De acordo com essa “tabela de preço”, o recém inaugurado Toma-Rock também pagava este mesmo valor aos seus músicos. Neste contexto de JOGO DO MERCADO, ouvi dizer que um dos sócios do Vila Dionísio fez uma reunião com os músicos da casa e impôs um “embargo econômico musical”: quem tocar no Toma-Rock, não tocará mais aqui. E, para amenizar os ânimos dos músicos que sentiram o seu direito de liberdade de tocarem onde quiserem ameaçados, e também para se fazer de uma espécie de dumping salarial, este mesmo sócio elevou o cachê dos seus músicos para R$100,00. Devido a melhor estrutura do Vila Dioniso, a maior fama, o maior público e (agora) o maior “salário”, muitos músicos tiveram que renegar o Toma-Rock e virar “refém” do Vila Dionísio. O Toma-Rock assim quebrou (claro, não só por esta concorrência) e, com essa quebra, se criou uma Classe de Músicos B desempregada (já que os Músicos A tocavam no Vila Dionísio, claro!).
E olha só, OMB, que interessante...
A concorrência com o Toma-Rock fez o Vila Dionísio aumentar não só cachê dos músicos. Houve outras melhoras no período... O Vila Dionísio expandiu, fez um novo Palco 2 e procurou acabar com as intermináveis filas de espera para a entrada na casa. Ou seja: com a concorrência do Toma-Rock, o Vila Dionísio teve que se reformar para fazer o JOGO DO MERCADO. Inspirado nesta ideia, quero deixar minha possível solução para melhorar as condições do músico de Rio Preto e, por que não, do Brasil.
Já que hipotecar bens do Vila Dionísio não está dando certo (é... eu sei) para que ele cumpra as normas da OMB, acredito que há uma outra forma de forçar a valorização do músico: criar uma concorrência que pague o cachê que o músico merece! Sendo a OMB um orgão FEDERAL, gostaria que analisassem a proposta de se criar uma Casa Pública de Shows (ou mesmo uma ONG), que ao músico pagaria tudo o que lhe é concedido pela OMB. Garanto que, para impor outro “embargo econômico musical”, o Vila Dionísio teria que elevar MUITO o cachê dos músicos de sua casa. Sem falar que “nossa” Casa Pública de Shows servirá de EXEMPLO para todos os músicos e casas concorrentes e, assim, acredito que a situação do músico de Rio Preto e do Brasil (se a ideia for exportada para outros estados) melhorará. Não por vias políticas e jurídicas, mas por vias econômicas.
OMB, me desculpe a generalização, mas penso que a maioria dos brasileiros só faz algo quando “mexem” com seus bolsos...
Façamos então como o Vila Dionísio fez com o Toma-Rock: VAMOS USAR O JOGO DE MERCADO! VAMOS NOS VALER DA CONCORRÊNCIA!
HUGO PEZATTI é músico registrado na OMB, bacharel e licenciado em História pela UNESP de Franca, baterista da banda Pronúncia e professor dos ensinos médio e fundamental.
São José do Rio Preto - 29 de setembro de 2010
terça-feira, 28 de setembro de 2010
O fim dos tempos - parte 3
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BEBE BUELL
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COURTNEY LOVE
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Pecado Eleitoral
Aiaiai, Domingão tá aí, dia 03 Eleições 2010!
E os malditos e-mails continuam chegando. Hoje recebi em minha caixa de entrada um e-mail sobre a candidata Dilma, quero deixar bem claro que não estou em campanha, mesmo porque meu voto não é dela. Minha intenção é mostrar os absurdos que rolam por aí.
Neste novo manifesto anônimo que recebi (já que ninguém em sã consciência escreveria tanta barbaridade assinando o próprio nome) há fatos que apelam à burrice popular.
Vamos lá,
Pede-se atenção no e-mail, para não votar na Dilma porque seu vice é o Temer. Tudo bem que ele não seja flor que se cheire, ou melhor até se cheira, mas o olfato é algo muito pessoal.... Enfim, a mensagem não cita nenhuma razão política para isso. O único motivo explicitado foi que o filho de Temer é satanista. Logo a Dilma também é. Então votando na Dilma se entrega o Brasil ao Capeta! E aleluia irmão, passa a cestinha para ajudar Jesus contra a Dilma!!!!
Religião
Bem, é obvio que tanta baboseira junto necessita de um apelo que não foque a razão e inteligência humana. Então usaram o velho truque que funciona desde sempre, evoquemos a deus para facilitar nossos objetivos pessoais.
E assim começa o e-mail:
“Dilma aprovará leis que prejudicarão a pregação da Palavra de Deus:”
Imposto sobre dízimo – Não me lembro da candidata ter soltado tal pérola. E mesmo se tivesse, eu concordo. Afinal, trabalho o mês todo, com dedução de imposto de renda, INSS, FGTS, contribuição sindical, etc e etc e etc... E os amigos da fé querem pegar uma boladinha de cada família e sair sem contribuir em nada. Pra onde vai esse dinheiro?alguém já viu igreja prestar contas?
Além do dízimo, outro item era a obrigatoriedade dos cultos serem realizados a portas fechadas. Eu também concordo. Em meu bairro tem uma igreja que não faço idéia da religião de quem a frequenta, afinal parece mais balada que culto, visto que o louvor ultrapassa zero hora. É tanta gritaria e adoração que se ouve em todo o bairro. Mas deixe eu ligar meus instrumentos com os amigos em casa pra fazer um sonzinho e ver se eles suportam minhas guitarras tão bem quanto eu tenho aguentado sua fé amplificada por anos.
Dia do Orgulho Gay
Outro fato curioso foi com a “causa homossexual”, as aspas estão aí porque a mensagem tinha tal conotação.
A mensagem afirma que o dia do Orgulho Gay teria sua comemoração obrigatória nas escolas de primeira a oitava série. Pelo amor de qualquer deus. Que pessoa com um mínimo de juízo mandaria uma criança de 8 anos comemorar o orgulho gay? O que vem depois? A criação do Dia Brasileiro do Sexo Anal – comemorado todos os anos com festivais nos colégios?
Dentre outros assuntos estão a legalização do aborto, que na verdade já é prevista para situações específicas, como em casos de violência sexual. A prisão de pastores que violarem as “novas leis” (que nunca existiriam num país como o Brasil), a criminalização da pregação de espiritismo, feitiçaria, idolatria e outros. Qualquer pessoa que vive no Brasil sabe que legislação nenhuma põe fim a séculos de crendices populares. Desde sempre viveram em “harmonia” o catolicismo, espiritismo, candomblé, umbanda, vodu, e tudo o que mais se imaginar. Não se pode interromper um processo cultural e religioso a partir de um papel assinado.
Bom, fica claro que o autor anônimo do e-mail se não um pastor é no mínimo um fanático religioso que usa descaradamente a fé popular para impor uma opinião pessoal.
Deixo aqui então um microconto de José Rezende Jr. sobre a cegueira religiosa.
Encontro marcado
Em nome de Deus, xingava mãe de santo, chutava divindade, cuspia em terreiro. Morreu, e Deus foi logo se apresentando: -- Meu nome é Olorum.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
domingo, 26 de setembro de 2010
O fim dos tempos - parte 1
Beatles
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HUGO PEZATTI é professor de história e geografia e fundador e baterista da banda PRONÚNCIA.