segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O Intelorável Intolerante

O tal do velho ranzinza... Ele existe! Porém é a sua velha idade e sua longa história vivida que lhe dão o luxo de ser ranzinza. Nesse caso é um processo natural. Faz parte da vida. Não tem como ir contra. Hora ou outra nossas manias se manifestarão e se chocarão com os mais novos; e seremos ranzinzas também. Porém, o que não é natural é sermos “ranzinzas” aos 27 ou 31 anos.

Na verdade usei as aspas anteriores, pois uma pessoa nessa idade não tem o direito de ser ranzinza; quero dizer, adotar este adjetivo. Um ranzinza jovem é apenas uma pessoa intolerável. Mas o que faz (ou fez) uma pessoa tão jovem ser intolerável?

A atual cultura urbana do cimento.

Quem já saiu da casa dos pais (por causa da faculdade ou por necessidade mesmo) sabe bem o que vou dizer...

Antigamente o sogro dizia: “só vai tirar minha filha de casa quando puder sustentá-la”. Ou seja, as pessoas só saíam da casa dos pais quando se casavam. E isso acontecia por volta dos 20 e poucos anos. Hoje, as pessoas saem da casa dos pais muitas vezes sozinhas, e é aí que elas se tornarão intolerantes.

A pessoa que mora sozinha tem tendência a potencializar suas manias que, de casa, vão aos poucos caminhando em direção ao âmbito social. E quando nele chega, deixam de ser manias e passam a ser birras sociais.

Isolada em casa, essa pessoa (penso eu) deixa de ter contato com outras e, assim, perde a interação social, o jeito, a manha, a linguagem, a sensibilidade subliminar... Enfim... Começa a não tolerar outras pessoas e a pegar birras de alguns. “O cara” se torna chato. Intolerante.

E não tolerando os outros, o intolerante se torna intolerável e se exclui (ou é excluído) do vínculo social. Essa pessoa vai se tornando cada vez mais seletiva com lugares e gente; chegando ao ponto de se isolar e se “trancafiar” na rua. Ela passa a não se sentir mais parte do todo (ou passa a se sentir a parte pelo todo [metonímia]) e se anula. A vida perde sabor. Só músicas, animais, livros, filmes e sítios de internet passam a lhe entreter.

A solução seria arrumar uma companheira. Mas de que jeito? (se o cara se afunda cada vez mais na sua solidão...). O cara até tenta, mas não dá. Ele já criou manias de mais, birras de mais. “Ranzinou”. “Jovem ranzinza”... (É... Hoje em dia pode-se tudo. O paradoxal se tornou algo comum... [Paradoxal, não?]). Já repararam como muitos idosos são solitários? E em todos os âmbitos: no social, no psicológico, no físico e por aí vai...

Se a tendência é “não mais tirar a filha de casa”, a coisa vai ficar feia... Mundo estranho. “Mondo bizarro”. Apatia.



Obs: sexta-feira fiz um show no meu apartamento. Só tinha eu! E achei o máximo! Imaginei as pessoas como as queria. Do meu jeito. Péssima mania...



HUGO PEZATTI é cinza, apático, intolerante e intolerável.

Contato: pronunciarock@yahoo.com.br

6 comentários:

  1. magnífica explanação meu rei! maravilhoso.

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  2. Tio Bôra... Tu Estás convidado para o próximo show no meu apartamento!

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  3. BOA! rsrs
    mas vc (Hugo) nem é tão intolerável! haha...
    brincadeira!
    McCartney

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  4. E intolerante? Não vou tolerar se dizer que não...

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  5. Hugo, adoreeei! Muito bom, seu intolerável!
    haha

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  6. Ei to esperando a parada?????qsaco?hehehehehehe

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