quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Você só ouve rock?

Essa pergunta está se tornando batida. Porém, tem o lado bom... Quando a garota quer saber se o rockerman só ouve rock é porque ela está buscando gostos em comum. Todavia, ela está, ao mesmo tempo, revelando que o rock and roll não é o seu forte (seu gênero musical preferido).

Nisso ela já perdeu 50% do encanto (se é que encantou - poderia ser só os seus peitos, ou sua bunda, ou uma fodinha aliviante...). Mas alguém pode me gritar: - Mas as diferenças são importantes para um relacionamento! Claro... Sendo ela mulher e eu homem já há diferença sufuciente. Afinal, naturalmente ela pensa e enxerga diferente de mim; mulher é mulher, homem é homem, e ponto. É plug na tomada e já era. Sou extremamente a favor de gostos semelhantes. Eles são muito importantes para um caso a dois.

Tipo... Que jeito que eu trepo ouvindo pagode? Como eu chego junto ouvindo bossa nova, Celine Dion, Mariah Carry ou sertanejo? Meu... Não dá! E talvez "aquela pessoa de novo" retrucaria: - Você é muito radical! E eu responderia: - Não!

Não sou radical. A verdade é que eu tenho gosto. E pronto! O problema é que hoje em dia se você tem só um gosto, você é radical. Hoje em dia tem que se gostar de tudo: meninos e meninas e gays e lésbicas e bissexuais; samba e pagode e sertanejo e dance (confira na próxima festa); fulano e ciclano e beltrano e outrano; e por aí vai... O gozado é que os vegetarianos, por serem avessos à carne, não recebem a denominação pejorativa: radicais. Pelo contrário... Eles viram santos por defenderem animaizinhos. Por falar em santos, daqui há pouco todo mundo terá que torcer para vários times... Se bem que, interestadualmente, já ocorre isto...

Me taxam de radical. Mas radical é quem diz que sou radical. Ou seja: "ter gosto singular" não é radicalização. O RADICAL ESTÁ NAS AÇÕES. Por exemplo: ninguém aqui conheceria Hittler se o mesmo não radicalizasse, matando judeus e julgando ser a raça ariana superior. Se ele fosse um cara que só pensasse e ficasse na dele, talvez nem teríamos a 2ª Guerra Mundial.

É por isto que não sou radical. Não encho o saco de ninguém que ouve de tudo ou que ouve outras porcarias ou que, até mesmo, seja bicha, mas quando me perguntam "Você só ouve rock?" e eu respondo "Sim", me taxam como radical. É mole? Na verdade, radical é quem faz a ação de me perguntar: você só ouve rock?

Daqui a pouco vão me achar radical por só gostar de mulher...

Eu gosto do que é bom. Por exemplo: gosto de Chico Buarque, mas, se me perguntarem quantos discos eu tenho, responderei nenhum (minto). Mas olha só: se formos analisar criticamente, o Chico Buarque foi um dos primeiros punks do Brasil (e, por que não, do mundo), já que, em 1966, se lançara no 2º Festival de Música da Record (o maior "festival punk da história"). Quer atitude mais punk do que contestar a Ditadura Militar na caruda? E olha que, o punk oficial, surgiu em Nova Iorque em 1975 (praticamente 10 anos depois). Rola até uma tese de mestrado sobre o verdadeiro nascimento do punk, para quem quiser se aventurar...

Chico Buarque punk? É isto que venho tentando dizer em posts anteriores: rock and roll não é só música. É forma de vida! Porra, veja a história de Nelson Gonçalves, Darcy Gonçalves, ou dos romancistas Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Castro Alves e demais mal do século - que inclusive foi nome de uma banda de rock respeitada em Rio Preto. A vida destas pessoas foi muito rock n´roll e, que eu saiba, os romancistas do mal do século não ficavam variando no tipo de escrita. Era tudo bucolismo, melancolia, injustiça social, pessimismo e desgraça em geral. Então, esses caras foram radicais também? Eles escreviam sobre o que viviam, cacete! E eu escrevo sobre rock n´ roll, pois eu vivo o rock n´roll e escuto o rock n´ roll. (Sábias palavras de Xando Xiospork que desencadearam na criação deste blog*...).

Pela última vez: Sim! Eu só ouço rock. Mas se você achar que rock é só música, me taxará como radical, mas o radical será você! Tenho certeza que alguns ainda não me entenderam. O que eu quero dizer é que eu vejo (ouço) o rock and roll em artistas que não tocam rock and roll. Agora foi?

"Boêmia aqui me tens de regresso e suplicante te peço a minha nova inscrição..."




* texto de apoio: Por que Rádio Canalha?
http://radiocanalha.blogspot.com/2010/10/por-que-radio-canalha.html


HUGO PEZATTI é surdo.

4 comentários:

  1. Olá. Passei aqui pra ver se tinha um novo post.
    Muito interessante esse ultimo. Mas digo que ainda estou digerindo o ultimo! hahahaha! Bjo

    ResponderExcluir
  2. Creio que conforme a gente amadurece artisticamente a gente aprende a ver coisas boas em outros estilos que não seja só o rock, o rock é atitude, mas a mpb, o jazz, o blues, o soul, o funk, o rap, o reggae também tem atitude e ideologia, sou a favor das diversidades musicas,de se ouvir tudo que eh bom(menos axé, pagode, sertanojo, pagode, funk carioca)mas pra quem só ouve um estilo e se sente bem assim...tudo bem...rss

    ResponderExcluir
  3. hoje eu ouvi um disco do lobão que tinha participação da bateria da mangueira, da elza soares e ivo meirelles...isso que eu acho louco

    ResponderExcluir