domingo, 26 de dezembro de 2010

Brasileiro é foda!

É nessas horas que me sinto um lixo! Olha como os caras são criativos e bons! Palmas pra eles!


PARABÉNS!


Infelizmente não dará para incorporar o vídeo aqui, mas não custa nada dar um CTRL-C + CTRL-V:

http://www.youtube.com/profile?user=anphux&annotation_id=annotation_342644&feature=iv

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Hugo Pezatti em Machu Picchu

Olá amigos canalhas! Estarei ausente do dia 27 de dezembro a 21 de janeiro. Mas não deixem de escrever!

Após alguns anos com vontade, finalmente achei uns caras ponta-firme para encara
r um mochilão rumo a Machu Picchu (Peru). Lá está/estava a cidade mais importante do antigo império Inca - que foi covardemente dizimado pelo espanhol Hernán Cortez no século XVI. As ruínas de Machu Picchu ainda guardam grandes mistérios, como cidades perdidas e tesouros registrados pelos incas, mas nunca encontrados. Outra grande mistério são as figuras gigantes marcadas no chão (como um beija-flor, uma aranha, um macaco) que só podem ser vistas do céu. No livro "Eram os Deuses Astronaltas?" (1968), do suiço Erich von Däniken, é afirmado que estas e outras figuras - como o candelábrio de Nazca e as linhas extremamente retas que lembram pistas de pouso - serviam como sinalizadores de aviões (espaçonaves?) e aeroportos. Porém, cuidado com as fantasias! O autor foi processado anos depois por calúnias históricas...

Mas voltando a viagem...
Tentarei me comunicar com vocês quando e se possível, mas muito provavelmente minha mente estará desconectada de qualquer cotidiano cinzento e cibernético, porém, nunca se sabe...

Se não mais os vir até o dia 27, bom final de ano pra vocês! Provavelmente virarei o ano a beira dos trilhos do trem da morte em uma cidade nas proximidades das fronteiras entre a Bolívia e o Peru. Comigo irão The Rans e Pezão.


Nos vemos em 2011 ou não, afinal, como disse-me Xando Xiospork:


- Vão voltar dia 20?! O lôco! Então cês vão subir numa nave e ir embora...".

HUGO PEZATTI



Ps: ignorem o "conhecidência".

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Garanta já a sua!

“[...] a maioria é onívora, mas existem espécimes que se adequaram ao vegetarianismo. Outra versatilidade desse animal diz respeito a sua reprodução. [...]. Curiosamente, ao exceder o número tolerável na população, esses mamíferos convertem-se ao homossexualismo para que, com o tempo, a sua população reduza e o heterossexualismo volte a fluir”.

O trecho citado pode nos lembrar artigos de revistas científicas sobre comportamento animal ou até mesmo trecho de programas televisivos como dos canais Discovery Channel e National Geographic. Porém, tal trecho é mera ficção do autor. Ou não...

Estou mais a acreditar que o trecho revela uma suposição. Atualmente, discuti-se se o homossexualismo está apenas aflorado ou se está aumentando. Favoráveis a primeira corrente argumentam que o homossexualismo sempre existiu na história, mas vivia escondido e, agora, está simplesmente “saindo do armário”; já os favoráveis da segunda corrente são mais radicais e argumentam que o homossexualismo está aflorando por moda ou, até mesmo, pela genética.

Particularmente, não fico com nenhuma dessas duas correntes. A hipótese que mais me agrada é a de que a natureza está dando um jeito no crescimento populacional da espécie humana. Há de se supor que ela está “tirando de letra” os malthusianos, reformistas e neomalthusianos. E Freud! Progressões geométrica e aritmética, distribuição de riqueza e pobreza como causa do aumento da natalidade viraram teorias obsoletas perto da mãe natureza. E esta hipótese não é tão maluca (bem mais digerível do que aquela do século XV que dizia que a Terra era redonda). Acompanhe:

Se uma sociedade já é suficiente para desequilibrar o meio ambiente, imagine o que seis bilhões de pessoas podem fazer com o mundo...

Dessa forma, penso que a natureza está dando um jeito de se curar, pois esperar que façamos algo bom por ela não passa de mera piada atual.

E para provar esta hipótese existe uma conta simples: reduzindo o número de pessoas, naturalmente se reduzirá o consumo e, obrigatoriamente, se reduzirá a produção (poluição, impactos ambientais e etc.). Sábia mãe natureza! É... [suspiros]. Mas nisto, os bons pagam pelos maus... Cadê minha fêmea?


HUGO PEZATTI é heterossexual.

contato: hugopezatti@hotmail.com

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Sexta feira é o fim ou o começo?

Buenas!

Como estou sem computador em casa e para fechar a semana com chave de fenda, um podcast bem legal que gosto bastante.

Abracetas canalhas!




Xando Xiospork é um excluído digital.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Rádio Canalha na Hard Party 2

DATA DO EVENTO: 11 de dezembro de 2010

Não havia filas para entrar. Vagas para o carro tinha de monte! Cheguei à Hard Party 2 por volta das 23h00. Fui um dos primeiros a entrar, embora o cartaz anunciasse que o evento começaria às 21h00.


Me dirigi ao balcão para pegar a cerveja - afinal, o verão riopretense 2010/2011 está mais do que insuportável. Com a latinha na mão me virei para o palco. Algo me incomodava... Mulheres? Não. Apesar de ainda vazio, o público feminino comparecia. Pouca gente? Também não. Apesar de a festa "começar" às 21h00, sei que a galera só chega por volta da meia-noite. O som? Quase! O som de fundo tocava clássicos do hard rock (coisas que eu nunca achei que fosse hard rock mas, afinal, o que é hard rock?). Então o que era? A artificialidade! Sim. O som mecânico geralmente preenche os intervalos de banda e o começo e fim da festa mas, por mais que eu aguardasse um som ao vivo, só ouviria som mecânico. A discotecagem hard rock substituiria as bandas.


Não posso reclamar! O cartaz era claro: não haveria bandas. Porém, me senti um pouco fora do nicho. Era como se estivesse em uma boate. Pelo menos era uma "boate de rock n´rol". Porém, torço para que esta moda não pegue. Som ao vivo é muito mais enérgico.

Como em toda boate, não faltou mulher - é... Elas gostam de dançar. Mas não fiquei na pista de dança. De jeito nenhum! Não sabia o que fazer lá. Ficava perdido. Sem bandas no palco, não havia direção para me posicionar. Saí da pista de dança e me sentei em um sofá a lado do banheiro feminino. Um ótimo lugar! Fiquei lá praticamente a festa inteira - salvo as vezes em que buscava cerveja ou as poucas vezes em que fui ao banheiro. Quando houve a 1ª Hard Party, a Rádio Canalha nem existia e eu nem tomei conhecimento do evento. Portanto eu não podia comparar a primeira com a segunda. Porém, o que se ouvia era que os que foram na primeira estranhavam o vazio demográfico no REPÚBLICA BAR (local dos Hard Party 1 e 2). Vazio não estava. Lotado também não. Achei o número de pessoas bastante agradável. Havia paz no bar, paz no banheiro e até paz no sofá.

Apesar da falta de banda, a Rádio Canalha recomenda o evento. É um passatempo diferente e interessante. Um tanto quanto calmo, porém, agradável. Se só houvessem festas assim (tipo discoteca) seria um saco, porém, para variar de vez enquanto, uma dessas é bom!


por HUGO PEZATTI

Enviado da Rádio Canalha à Hard Party 2

sábado, 11 de dezembro de 2010

O tempo passa

Parabéns ao canalha Xando Xiospork que, ontem, 10 de dezembro de 2010, completou 3 décadas de vida!

Em seu churrasco de última hora (sim, resolveu fazê-lo por volta das 20h00), o velho Xando fez as mesmas palhaçadas que me encantara 12 anos antes (1998), quando o conheci. O astuto zoador pegou a caixa de papelão do bolo que comprara para comemorar o seu aniversário e, dentro dela, colocou umas tranqueiras para dar volume. Com a caixa fechada repleta de tranqueiras, ele recebia os convidados pedindo para segurar a caixa ("o bolo") de tal maneira que a mesma ficava cambaleando em suas mãos até cair no chão. Enquanto o convidado se desesperava por ter "espatifado" o bolo, Xando dava gargalhadas e abria a caixa para desmentir a farsa. Esse é o velho Xando, pensei.

Em determinado momento me toquei: - Trinta anos já?! - Indubitavelmente um filme de nossa história - que se iniciara lá nos confins de janeiro de 1998, quando Braida levara o amigo Xando aos primeiros ensaios da banda Nevrose - passou pela minha cabeça. Quantas coisas já fizemos juntos! Lembro-me de quando Xando raspou a cabeça e ficou com o cavanhaque farto, adotando (por querer ou não) um visual agressivo - todos trocavam de calçada quando o viam. Lembro-me das macumbas que nós, juntamente com a turma, fazíamos no bairro para ver o "bafafá das véias" no dia seguinte; lembro-me do famoso bundão que Xando fizera na janela do ônibus para um carro que, por sinal, era o de sua mãe - que olhava desacreditada ("é meu filho?").

Enfim... O tempo passou, o Xando era o mesmo, eu sou o mesmo, o Braida virou doutor (único da região que passou na OAB) e disse que desencanou da música, e nós ali, continuando aprontando, porém, com mais lentidão (as articulações do corpo já não são mais as mesmas) e falando de casamento, compra de casa, filhos e etc...

É... O tempo passa... E o que é que fica? E quem é que fica?

Abraços e parabéns ao velho canalha Xando Xiospork, meu amigo!



homenagem de HUGO PEZATTI

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Be a Bá da música

COMO FUNCIONA UMA BANDA

I. MÚSICA

- uma banda existe para tocar músicas.

- música é igual ao carro: para funcionar, as rodas não podem estar no capô e no portamalas.

- da mesma maneira, a música deve seguir uma ordem para funcionar.

- a música deve tocar as pessoas. Para isto, ela precisa de meios para atingi-las.

II. COMO SE FAZ MÚSICA

Parte 1 - ORDEM

- muitos erroneamente chamam de fórmula, mas não é.

- na verdade, o que existe é uma ordem: da mesma maneira que não podemos colocar as rodas do carro no portamalas, nós também não podemos ir colocando o refrão ou os solos em qualquer lugar da música.

- existem vários esquemas a se seguir, mas acredite: os mais simples são os que melhor funcionam.

- trabalharemos com dois esquemas simples:

Esquema 1

1º. Introdução => 40 segundos já é exagero!

2º. Estrofe(s) => uma ou duas.

3º. Refrão

4º. Estrofe(s)

5º. Refrão

6º. Solo/arranjo

7º. Refrão / fim

Esquema 2

1º. Introdução => 40 segundos já é exagero!

2º. Estrofe(s) => uma ou duas.

3º. Refrão

4º. Estrofe(s)

5º. Refrão

6º. Pós-refrão => isto embeleza a música e reforça a ideia que se quer passar.

7º. Solo/arranjo => opcional

8º. Refrão / fim

Parte 2 – LETRAS

- as letras são o mais importante em uma música. Juntamente com a voz, são elas as primeiras a ser entendidas.

- as letras devem fazer sentido para o autor e, principalmente, para o ouvinte.

- não necessariamente o sentido para o ouvinte deve ser igual ao sentido da letra para autor, porém, as letras devem fazer algum sentido para quem canta e para quem escuta.

- letras nada mais são do que textos. Se não existem palavras para ligar as frases, não haverá compreensão das letras e, consequentemente, o ouvinte não se identificará com a música.

- refrões simples e melódicos são os que mais surtem efeitos.

- são através dos refrões que se ganha o ouvinte. Por isto, eles devem ser claros e objetivos.

Parte 3 – EXECUÇÃO DAS MÚSICAS

- motorista que dirige mal, não chega ao seu destino. Da mesma maneira, banda que executa mal, não chegará ao se destino: tocar as pessoas (e a si mesmo também).

- para executar bem uma música, cada músico (instrumento) deve fazer a sua função respeitando a hierarquia musical.

III. COMO SE EXECUTA UMA MÚSICA

- primeiramente, deve-se compreender e aceitar que há uma HIERARQUIA MUSICAL.

- todos os instrumentos (músicos) se destacam individualmente em uma música, porém, uns se destacam com mais frequência e outros com menos.

- assim, cada instrumento tem a hora certa de “aparecer”, portanto, o músico deve aguardar pacientemente o seu momento de se destacar.

Parte 1 – HIERARQUIA MUSICAL

- imagine um show de uma banda profissional... Qual músico está à frente de todos os outros no palco? O cantor, ou seja, a voz!

- acompanhada ou não de outro instrumento, a voz está no topo da hierarquia musical.

- querer se destacar mais do que a voz é o mesmo que querer andar colocando as rodas no capô de carro... Não dá certo!

- a hierarquia em uma banda de rock se dá da seguinte forma:

1º. Voz

2º. Guitarra

3º. Baixo

4º. Bateria

=> voz e guitarra são instrumentos de frente.

=> baixo e bateria são instrumentos de fundo.

1º. Voz

- é o cartão postal de uma banda. Os outros músicos até podem ser bons, mas se o vocalista for ruim (ou seja, desafinado), automaticamente a banda se tornará ruim.

- portanto, é a maior responsabilidade de uma banda no palco, pois é ele quem “dá a cara a tapa” ao público.

- é um instrumento delicado, pois é orgânico, e assim, sensível, sujeito à tensões emocionais, ao bom ou mau humor.

- quanto mais singular for o timbre da voz, mais fácil ela costuma brilhar. No entanto, existem timbres que costumam agradar e timbres que não costumam agradar.

- é importante que o timbre da voz esteja em sintonia com o tipo de música que se canta ou com a proposta da banda.

- a voz deve estar perfeitamente afinada.

- para que o a voz atinja a perfeição, o vocalista deve estar à vontade. E para que isto ocorra, a banda deve estar muito entrosada, pois só assim o vocalista poderá se concentrar na melodia e na letra durante a execução.

- portanto, não há bom vocalista sem uma boa banda por trás.

- todos os músicos devem tocar para que o vocalista possa executar a música adequadamente. - É por isto que a voz está no topo da hierarquia musical. A voz reina.

2º. Guitarra

- se a voz é o rei, a guitarra é a rainha.

- enquanto a voz repousa na música, quem reina é a guitarra.

- portanto, assim como a voz, a guitarra carece de serventes.

- ou seja, se não para a voz, os demais músicos devem tocar para a guitarra.

- o guitarrista deve se lembrar que, enquanto a voz canta, ele deve servir ao vocalista, porém, enquanto o vocal descansa, o restante da banda deve tocar para a guitarra.

- assim como a voz, o timbre da guitarra deve estar em sintonia com a música ou com a proposta do grupo.

- por isto, um bom guitarrista escolhe as guitarras e os cubos com os timbres certos para cada música, cada álbum ou cada banda.

- um bom guitarrista escuta o baixo para se guiar no tempo.

3º. Baixo

- a voz é o instrumento mais importante para o público, porém, o baixo é o instrumento mais importante para a banda.

- o baixo funciona como uma ponte, uma ligação.

- é ele quem liga a percussão às notas.

- se baixo e bateria fazem parte da cozinha, o baixista é o garçom e o baterista o cozinheiro. Os convidados então seriam a guitarrista e o vocalista (que serão servidos pela cozinha).

- o baixo é muito importante pois, ao mesmo tempo em que é um instrumento de cordas, atua também como um instrumento de percussão.

- sendo assim, o baixo deve estar em sintonia com a bateria para ligá-la aos instrumentos de frente.

- o baixo bem executado é aquele que, além de afinado, TOCA JUNTO COM A BATERIA.

- grosso modo, baixo e bateria são um único instrumento (que recebe o nome de Cozinha), porém tocado por dois músicos simultaneamente.

- um bom baixista escuta a bateria para se guiar no tempo.

4ª. Bateria

- é o motor da banda.

- com um baterista bom, a banda garante 50% de qualidade.

- um bom baterista:

I. toca no tempo;

II. é amigo do metrônomo;

III. tem dinâmica (variação de intensidade);

IV. não polui a música com pratos e viradas exageradas;

V. toca em sintonia com o baixista;

VI. espera a sua vez para se destacar na música.

- para que uma banda seja claramente ouvida, o baterista tem que ter a noção do volume de seu instrumento. Salvo shows em lugares muito abertos (como estádios de futebol), o baterista deve perceber se sua execução está, no geral, muito alta ou muito baixa.

- bateria em volume alto faz com que baixistas e guitarristas aumentem o volume de seus instrumentos e, consequentemente, faz com que os vocalistas tenham que se esgüelar no microfone e, portanto, não ficarão a vontade para cantar. Ah! E dessa mesma forma, o baterista fará o público tapar as orelhas e se distanciar do palco – limando assim o tesão da banda e a “queimando” no show.

- o baterista tem que compreender que o seu instrumento está abaixo na hierarquia musical, e que a sua função é tocar para que outros músicos se destaquem.

- porém, o baterista não deve se preocupar... Sempre sobra um lugarzinho na música, no show ou no álbum para ele se destacar e mostrar todo o seu talento. Mas tem que ter paciência para esperar esta hora chegar.

Parte 2 – SONORIDADE CLARA

- respeitando a hierarquia musical, a banda ficará em harmonia e soará limpa (por mais distorcidas que possa ser as guitarras e a voz).

- os instrumentos de tempo (baixo e bateria) são a base da banda. Portanto devem estar concentrados na cadência do ritmo.

- com a base da banda firme, guitarristas e vocalistas pintam e bordam nas canções, pois o trabalho “mais pesado”, que exige maior esforço e concentração, estará devidamente sendo executado pela cozinha.

- pensando como um piano, a cozinha seria a mão esquerda (médio-grave) que obedece ao tempo, ao ritmo e à base, e a mão direita (médio-agudo) - solta para solar e aparecer - seria a guitarra e o vocal.

- e assim, consegue-se entender claramente o que é a banda.

IV. OS DIFERENTES AMBIENTES

Parte 1 – ENSAIO

- a regra número um é respeitar os horários de ensaio, principalmente, o horário de início.

- o ensaio serve para a banda se ouvir e se corrigir.

- portanto, quanto mais baixo puder estar o volume, melhor (desde que a execução esteja confortável para o músico).

- mesmo assim, muitos erros “passam” no ensaio. Mas quanto mais ensaios, menos erros “passam”.

Parte 2 – ESTÚDIO

- gravação não é show. Portanto, nada de regaço, farras, bebidas exageradas e público.

- gravação é um processo chato e lento. Não tenha pressa.

- take one ou instrumentos separados, não importa: o músico deve ir com a música na cabeça. Saber a hora certa de cada nota, cada prato, cada bumbo, cada grito, cada riff e etc.

- para se gravar no estúdio, a música deve estar pronta.

- no estúdio de gravação não se cria música. O que se cria são arranjos secundários em cima de uma música pronta.

- se o músico não tem a melodia de seu instrumento pronta na cabeça e ensaiada, é bom não perder tempo e dinheiro indo a um estúdio.

- o estúdio capta qualquer errinho, portanto, esteja MUITO ensaiado.

- não conte com correções digitais. Por mais que se corrija erros no computador, nunca ficará bom como uma execução perfeita.

- não conte também com timbres milagrosos criados em computadores. Leve o seu timbre pronto de casa.

Parte 3 – SHOW

- é onde todo o esforço que se fez – desde a composição aos massantes ensaios e gravações – é recompensado.

- o show é para se divertir. Não pode ser tenso. Tem que ser descontraído, confortável, relaxante. Se errar, errou. Dê risadas e continue. Depois você se xinga.

- Nunca se esqueça que existe uma linha tênue entre diversão e profissionalismo. Ou seja, todo regaço é permitido, desde que não atrapalhe a execução do seu instrumento e as demais execuções da banda.

- palco é local de trabalho de músico, e não de namorada.

- show é lugar de improviso, mas faça-o com prudência, moderação e respeito (ao público e aos músicos da banda).

- fale com o público. Ele está lá para te ver.

- E sim: figurino é importante, afinal, se fosse só para ouvir o público ficaria em casa ouvindo CD.



por HUGO PEZATTI
músico com OMB e baterista da banda PRONÚNCIA

terça-feira, 30 de novembro de 2010

E depois?

Essa semana noticiou-se muito sobre a “limpeza” que está acontecendo no Rio de Janeiro. Os comentários e reações sobre as operações de invasão das favelas, apreensão de armas e drogas são variados. Tem quem ache ótima a intervenção militar nos morros por segurança e diminuição da criminalidade (será mesmo??), tem quem fique puto, já que prenderam tanta droga significa que ela vai ficar mais cara (lei da oferta e procura). Mas a minha indagação é outra. Pensemos nas famílias que lá moram e de maneira direta ou indiretamente convivem com o tráfico e dalí, de alguma maneira que não só a venda de drogas, tiram seu sustento. Grande parte da receita existente nessas comunidades de alguma maneira tem ligação com esse “comércio”. Sem essa renda, qual a alternativa oferecida a essas famílias que até hoje se viram pra sobreviver com recursos essências para a vida em níveis ridiculamente baixos. A falta de saneamento, energia elétrica irregular e outros tipos de comodidades tão banais pra nós diariamente, mas que em locais como aqueles encontram maneiras digamos, alternativas de se instalarem. Como fica o estado, zelando por uma comunidade que vive na gambiarra, ligações clandestinas, ausência total de registro territorial, inexistência de qualquer planejamento pela administração pública nas vias de acesso e serviços básicos como escolas e hospitais.
Toda essa ação militar até agora só passou uma mensagem para o Brasil, “Estamos retomando território para a segurança da população!” – Mas a segurança de qual população? A que lá mora e hoje está engatinhando para escapar das balas, ou a que passeia no Leblon ao entardecer? E o menino que dava o dinheiro que ganhava como aviãozinho do tráfico para ajudar em casa, vai ter emprego, estudo e estrutura pra mudar de vida ou vai assaltar o caminhante do Leblon?
Essa falsa idéia de segurança é passada facilmente com um fuzil na mão. E amanhã? E daqui 10 anos?

Muito maior que a intervenção militar deverá ser o planejamento social para as áreas “retomadas”. Será que o Brasil pode realmente oferecer algo além de balas para essas pessoas?



Leandro Faustino

Rádio Canalha na Cervejaria Riopretana

Boa noite Canalhas de Plantão.

Aqui na terra do calor do cão que nem Diabo aguenta, num sábado de comida mexicana e cerveja bem gelada, fui acompanhar mais uma empreitada das bandas rio-pretenses Pronúncia (de nosso querido Hugo Pezatti), Punk e banda Conspiração e o rapper Taroba. Levei comigo o parceiro de longa data The Rans para ajudar-me no trabalho (?) de câmera e também divertir-se no processo. Como já citei acima, podemos conferir grandes tanques do famoso liquído adormecido que adentrava nossas singelas goelas mais comumente chamado de "cerveja". Só não podemos conferir o processo de fabricação da água benta. Em todo caso descobrimos uma placa na parede "favor lavar as mãos", indício que provavelmente beberíamos um néctar livre de mão suja.

Besteiras a parte vamos falar de rock´en´roll. A banda Pronúncia eu já não espero mais nada do que um ótimo show. Os hombres afiadíssimos nos respectivos instrumentos. Rodolfo na guitarra e vocal, Hugo na bateria e Matheus no baixo deixam a impressão que uma banda de rock ensaiada e a mesma coisa de ouvir um CD no aparelho. Pena que a cervejaria continha algumas poucas testemunhas para prestigiar o evento, mas nem por isso afetou a performance do grupo. Parabéns Canalhas!

Logo Taroba entrou no palco com suas rimas e presença de palco nota 10. Pena que eu conheça pouco o seu trabalho mas não me decepcionou nem um pouco o que eu vi. Apesar de não ser minha praia, gostei muito da mistura de rap e reggae que ele fez, grande talento irmão!

Depois foi a vez de Punk e da banda Conspiração adentrar o palco e mandar sua mistura de rock com rap, ou rapcore ou funk´ell´metal como diria meu finado amigo Marcos "rest in peace" man!
O Sr. Punk é um show a parte. Sempre com algum comentário "sacana" entre as músicas e com letras catárticas, destilando ironia com pitadas sarcásticas. Quer atitude mais rock´en´roll que isso? A banda ainda conta com Claudião no baixo, Daniel na bateria e Rodolfo (Pronúncia) na guitarra. Cozinha para bandido nenhum botar defeito. É nóis.

Pena como já disse foram as poucas pessoas presentes no evento. Mas acredito que os que estiveram ali viram uma grande performace de grandes pessoas com diversificados talentos.

Confira abaixo o vídeo, deixe seu comentário e pague uma cerveja!!!



*** Xando Xiospork é um Reportér Ébrio.


P.s.: Se você tem interesse em participar do blog, entre em contato conosco! Gostaríamos muito de sua presença! Venha ser um canalha nas horas vagas!! Mande seu email para xando_xiospork@hotmail.com

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O Peso da Liderança

Lembro até hoje! Cursava lá a minha 2ª série (atual 3º ano do fundamental II) – época do pequeno Tom Cabeleira* – e estava no recreio. Eu era líder de uma ganguezinha da escola (que se chamava OCI – Organização Contra os Inimigos). Estava discursando para a OCI num palanque improvisado (piso mais alto de uma escadinha de cimento) quando um inimigo se aproximou do grupo. Apenas gritei “- Peguem ele!” e a gangue o fez. Porém, não deixei que o socassem (não faz parte da minha índole – é mais fácil eu aceitar apanhar de uma gangue do que aceitar bater com uma gangue). Apenas o adverti verbalmente. Mas não me esqueci disto até hoje. E por quê? Com certeza foi por causa da sensação do poder... Duas palavrinhas bobas mexeram uma “multidão inteira”. Fiquei um pouco assustado e dissolvi a gangue depois (claro, não com essa consciência toda), afinal, senti algo errado.

Eu estranhei o poder.

Enquanto todos da OCI se dispunham a ouvir o que eu tinha a dizer, beleza. Mas, quando ordenei uma ação, e todos a fizeram, me senti mal...



* http://radiocanalha.blogspot.com/2010/11/tom-cabeleira-o-pequen-grande.html


por HUGO PEZATTI

Os canalhas também amam!

A Rádio Canalha parabeniza Lemones Canalha que, no último sábado, dia 27 de novembro, se casou!

sábado, 27 de novembro de 2010

PRONÚNCIA no Camping Rock 2010 (MG)

De certa forma a PRONÚNCIA esteve lá! (dá uma olhada na camiseta do vocalista!)

Um abraço pra galera da banda OSSOS DO BANQUETE (Betim-MG). Puta banda rock n´ roll!






quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Você só ouve rock?

Essa pergunta está se tornando batida. Porém, tem o lado bom... Quando a garota quer saber se o rockerman só ouve rock é porque ela está buscando gostos em comum. Todavia, ela está, ao mesmo tempo, revelando que o rock and roll não é o seu forte (seu gênero musical preferido).

Nisso ela já perdeu 50% do encanto (se é que encantou - poderia ser só os seus peitos, ou sua bunda, ou uma fodinha aliviante...). Mas alguém pode me gritar: - Mas as diferenças são importantes para um relacionamento! Claro... Sendo ela mulher e eu homem já há diferença sufuciente. Afinal, naturalmente ela pensa e enxerga diferente de mim; mulher é mulher, homem é homem, e ponto. É plug na tomada e já era. Sou extremamente a favor de gostos semelhantes. Eles são muito importantes para um caso a dois.

Tipo... Que jeito que eu trepo ouvindo pagode? Como eu chego junto ouvindo bossa nova, Celine Dion, Mariah Carry ou sertanejo? Meu... Não dá! E talvez "aquela pessoa de novo" retrucaria: - Você é muito radical! E eu responderia: - Não!

Não sou radical. A verdade é que eu tenho gosto. E pronto! O problema é que hoje em dia se você tem só um gosto, você é radical. Hoje em dia tem que se gostar de tudo: meninos e meninas e gays e lésbicas e bissexuais; samba e pagode e sertanejo e dance (confira na próxima festa); fulano e ciclano e beltrano e outrano; e por aí vai... O gozado é que os vegetarianos, por serem avessos à carne, não recebem a denominação pejorativa: radicais. Pelo contrário... Eles viram santos por defenderem animaizinhos. Por falar em santos, daqui há pouco todo mundo terá que torcer para vários times... Se bem que, interestadualmente, já ocorre isto...

Me taxam de radical. Mas radical é quem diz que sou radical. Ou seja: "ter gosto singular" não é radicalização. O RADICAL ESTÁ NAS AÇÕES. Por exemplo: ninguém aqui conheceria Hittler se o mesmo não radicalizasse, matando judeus e julgando ser a raça ariana superior. Se ele fosse um cara que só pensasse e ficasse na dele, talvez nem teríamos a 2ª Guerra Mundial.

É por isto que não sou radical. Não encho o saco de ninguém que ouve de tudo ou que ouve outras porcarias ou que, até mesmo, seja bicha, mas quando me perguntam "Você só ouve rock?" e eu respondo "Sim", me taxam como radical. É mole? Na verdade, radical é quem faz a ação de me perguntar: você só ouve rock?

Daqui a pouco vão me achar radical por só gostar de mulher...

Eu gosto do que é bom. Por exemplo: gosto de Chico Buarque, mas, se me perguntarem quantos discos eu tenho, responderei nenhum (minto). Mas olha só: se formos analisar criticamente, o Chico Buarque foi um dos primeiros punks do Brasil (e, por que não, do mundo), já que, em 1966, se lançara no 2º Festival de Música da Record (o maior "festival punk da história"). Quer atitude mais punk do que contestar a Ditadura Militar na caruda? E olha que, o punk oficial, surgiu em Nova Iorque em 1975 (praticamente 10 anos depois). Rola até uma tese de mestrado sobre o verdadeiro nascimento do punk, para quem quiser se aventurar...

Chico Buarque punk? É isto que venho tentando dizer em posts anteriores: rock and roll não é só música. É forma de vida! Porra, veja a história de Nelson Gonçalves, Darcy Gonçalves, ou dos romancistas Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Castro Alves e demais mal do século - que inclusive foi nome de uma banda de rock respeitada em Rio Preto. A vida destas pessoas foi muito rock n´roll e, que eu saiba, os romancistas do mal do século não ficavam variando no tipo de escrita. Era tudo bucolismo, melancolia, injustiça social, pessimismo e desgraça em geral. Então, esses caras foram radicais também? Eles escreviam sobre o que viviam, cacete! E eu escrevo sobre rock n´ roll, pois eu vivo o rock n´roll e escuto o rock n´ roll. (Sábias palavras de Xando Xiospork que desencadearam na criação deste blog*...).

Pela última vez: Sim! Eu só ouço rock. Mas se você achar que rock é só música, me taxará como radical, mas o radical será você! Tenho certeza que alguns ainda não me entenderam. O que eu quero dizer é que eu vejo (ouço) o rock and roll em artistas que não tocam rock and roll. Agora foi?

"Boêmia aqui me tens de regresso e suplicante te peço a minha nova inscrição..."




* texto de apoio: Por que Rádio Canalha?
http://radiocanalha.blogspot.com/2010/10/por-que-radio-canalha.html


HUGO PEZATTI é surdo.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Tom Cabeleira - O Pequeno Grande

- Hey Tomzinho! Você vai no aniversário do Fábio?

Esta era uma pergunta tipicamente idiota! É claro que o Tom iria ao aniversário do Fábio - seu melhor amigo de infância. O pequeno Tom cursava a antiga 2ª série do ensino primário (atual 3º ano do fundamental I) junto com seu amigo Fábio e Camila. Sem dúvida alguma, a Camila fora sua primeira paixão. Infelizmente, naquela época o Tomzinho não se parecia em nada com o Tom Cabeleira que veio a se tornar, salvo o rock n´roll dos Beatles que não saía de sua cabeça.

Líder nato, Tom era destaque da galera, porém, nunca havia “chegado” em uma garota, afinal, tinha lá seus sete anos. Talvez, hoje isto possa parecer ridículo, mas na sua época, pegar na mão de uma menina na frente de todos era um feito daqueles! Beijar uma então...

Como toda festa de criança, havia muito guaraná, cachorro-quente e brinquedo, além de uma porção de gurís correndo pra lá e pra cá. Um deles era Tom, outro era o aniversariante Fábio e outra era, claro, a paixão de Tom: Camila. O problema é que Tom era uma criança “estragada”. Vivia com os braços cheios de arranhões da sua gata de estimação; tinha os dentes tortos, que naturalmente nasceram com ele; seu cabelo era curto raspado na três e, quando crescia um pouco, os quatro roda-moinhos que tinha apontavam um conjunto de espeto. Um, em especial, ficava na franja e dava-lhe um caráter ala Élvis the Pélvis, mas mais puxado para um galo encrenqueiro; e para piorar, o óculos fundo de garrafa fodia de vez a aparência do pequeno Tom.

Já Camila era extremamente o contrário. Linda, cabelo castanho liso de criança, olhos cor de mel, pele morena bem clarinha, boquinha vermelha puxada para o rosa. Uma princesa de fato! Todos a queriam, mas só Tom era cara-de-pau o suficiente.

O bolo nem havia sido cortado, e Tomzinho se encontrava no fundo da casa, numa sala feita exclusivamente para abrigar brinquedos. Havia muita coisa ali! Desde lego e playmobil, passando pelos clássicos quebra-cabeças, dama, xadrex e chegando aos mais rebuscados, como uma pequena mesa de pimbolim - que era atração do local. E é claro, lá estava Tom arrasando no pimbolim. Galanteador nato, quando jogava contra as meninas dava uma de “joão-sem-braço” e deixava as garotas marcarem gols, mas nunca deixava elas ganharem. Quando o jogo apertava, ele apelava para suas habilidades e virava a partida. Mas a pior partida aguardava na fila: Camila.

Tom ganharia de todos que estavam na fila só para jogar com Camila. E assim o fez. Aproveitou-se para se exibir e deu uma “lavada” nos amigos – o que era estranho, afinal, quando jogava contra as meninas, levava um monte de gols. A hora da “pior partida” chegou. Tom sabia que aquele momento era mágico, pois não estavam na escola. Era diferente. A começar pelo céu que, escuro, substituía o clarão das tardes escolares. Outra diferença era a roupa: a Camila estava linda! E última diferença... Pela primeira vez Tom ficara a sós com Camila.

Um a um, as outras crianças foram saindo da sala de brinquedos atraídas sei lá pelo o que. Talvez fosse um doce ou aqueles bexigões cheio de balas e brinquedinhos. Tom foi pego de surpresa! Não esperava uma oportunidade dessas sem uma preparação. O mundo parou ali. A visão de Tom estava estranha: no centro e bem iluminada, Camila. Tom perdera a visão periférica. Não enxergava nada ao seu redor. O mundo ficou mudo. Tom mal conseguia ouvir o barulho da bolinha de pimbolim batendo nas paredes da mesa ou nos “hominhos de futebol”. Seu ouvido começou a pulsar latejantemente e, junto com o coração estourando em seus ouvidos, veio um barulho de microfonia que só Tom escutava. Era a primeira vez que Tom perdia a razão. Tom estava conhecendo o seu lado emocional apaixonado. Não sabia controlá-lo. A adrenalina (nem sabia o que era isto) cada vez mais forte dava a impressão de que ia explodir. Tom precisava fazer algo, mas o conflito entre a razão e a emoção o deixara bobo. E aí veio a cagada:

- Posso te dar um beijo? – intimou Tom.

A pergunta “do nada”, atravessada, de repente e sem noção, congelou a sala de brinquedo por alguns mili-segundos. Tempo suficiente para Camila usufruir de seu dom feminino de dar um fora nos garotos sem que os mesmos tenham reação.

- Cê é muito feio moleque! Cê acha que eu vou beijar você?

E saiu para a festa. Tom, ainda imóvel, tentava recuperar a consciência. Ele já havia ficado com o olho roxo uma vez, já tinha se esfolado no asfalto e passado por umas que não era para qualquer criança, mas aquela situação era a pior de todas. Não sabia de onde vinha o soco, mas doía. Era uma dor abstrata, aguda, estranha. Lágrimas ameaçavam escorrer ali mesmo, mas Tom era “homem demais” para se abater em público. Mas estava sozinho e no silêncio. Estava difícil agüentar. Não possuía pêlos pelo corpo, mas sua pele arrepiou e veio um frio seco e emudecedor. Instintivamente, sabia que se ficasse ali cairia aos prantos. Precisava voltar para a festa, mas não estava pronto para rever Camila. Com certeza ela já teria contado para suas amigas que debochariam de sua cara na frente de todos e isto desencadearia uma reação em cadeia fatal para Tom.

Tonzinho era muito novo para agüentar isto. Desde cedo suportara ser rejeitado ou esquecido pelos pais que nunca compareciam nas apresentações da escola. Sua mãe, nunca tinha tempo e vivia viajando por causa do trabalho; seu pai até prometia, mas nunca comparecia. Quando ainda cursava o chamado pré-primário, houve um dia especial na escolinha. Algo relacionado com a páscoa. As crianças colocariam máscaras de coelho e cantariam uma canção para os pais. A mãe de Tom não podia ir. O pai disse que ia. Feliz da vida, Tom avisou ao perueiro que não precisava esperá-lo, pois voltaria para casa com seu pai. A apresentação ia chegando, os pais aglomerando e abraçando os filhos e Tom, mais uma vez, sozinho. A desgraça da apresentação começou e ele lá, se sentindo um idiota, cantando para o vago. Ao fim da apresentação, todos os amiguinhos com os seus pais e, o Tom, sozinho. Esperto que era, correu para frente da escola para ver se conseguia “pegar” o perueiro ainda ali. Por sorte (ou por experiência do perueiro), a Kombi ainda se encontrava no estacionamento. Na maior humildade e com cara de humilhação, Tom perguntou ao Tio Fernando (perueiro) se ele poderia deixá-lo em casa. É claro que sim. Tom chegou em casa, sozinho, foi para o quarto e continuou sozinho. Provavelmente, horas mais tarde haveria ainda de ser espancado pelo seu irmão por alguma bobagem rotineira, como relar o dedo no violão dele ou não querer trocar de canal.

Quanto a isto, Tom estava vacinado. Tinha sete anos de experiência. Mas agüentar a humilhação do “fora de Camila” na frente de todos seria “barra” meu. Parecia que tudo perdera sentido. Tanto fazia se Tom olhasse para a direita ou para esquerda, se pensasse em sentar ou ficar de pé. Tom estava inóspito, ainda sem reação e sem saber o que fazer.

Sozinho e fodido. De novo.

Eis que uma boa alma apareceu. Era a mãe de Fábio que notou que o melhor amigo do filho estava sozinho e esquisito na sala de brinquedos. Era hora de se segurar. Havia uns 10 minutos que Tom não pronunciava uma só palavra. Teria que fazer força para sair qualquer som de sua boca sem escorrer lágrimas e soluçar. Rapidamente, Tom desenvolveu uma tática para suportar e esconder a dor: converteu o amor em ódio. O ódio dava forças ao Tom.

Indagado pelo o que fazia sozinho na sala de brinquedos, Tom logo respondeu que estava procurando um carrinho e se mandou para a festa. O ódio agora fazia Tom mirar todos como um caçador. Quem se atrevesse a humilhá-lo, levaria uma porrada daquelas. Todos entenderam o recado, mas muito não sabiam porque. Tom estava agressivo. Porém, muito provavelmente foi o instinto materno de Camila e suas amigas que protegeu Tom, poupando-lhe da humilhação. Mas o mais estranho era que Camila e as amigas não caçoavam de Tom e nem o tratavam mal. Pelo contrário. Camila até sorria mais e as amigas ficaram mais receptivas. Mas Tom não pensava. Agia. Estava sob o instinto – o único que o entendia ali.

Protegido pelo ódio, Tom aos poucos amolecia o rosto, interagindo com a festa, mas sempre pensando no que ocorrera na sala de brinquedos.

A festa foi se encerrando e, quando os pais de Camila chegaram para buscá-la, Tom teve duas sensações: a primeira foi de alívio. Acabou! A outra foi de tristeza... Não muito mais tarde, sua mãe chegou para buscá-lo. Em casa, não conseguia dormir. Queria chorar, mas ele dividia quarto com seu irmão. Sabia que se o acordasse, não receberia a compaixão e o afeto do brother, mas sim, uma zombação ou até mesmo uma porrada por tê-lo acordado. Mais uma vez, Tom estava encurralado e explodindo por dentro silenciosamente. Sua gatinha de estimação foi a única que se sensibilizou. Ela deixou de ser arisca e começou a lamber as lágrimas que saiam amargamente dos olhos de Tom. Porém, seus soluços o denunciava. E entre um soluço e outro, seu irmão respirava mais forte, como se fosse acordar. Era arriscado continuar na cama.

Lentamente e sem fazer barulho, Tom se levantou e, vagarosamente, abriu a porta, passando a rumar para a cozinha. Pegou um copo d’água, mas não estava com sede. Bebia a água, mas não fazia efeito algum. As palavras de Camila vinham-lhe a cabeça em alto e bom som. Rebobinou a cena milhares de vezes. Não se conteve. As lágrimas acumuladas saíram de uma vez, como se fosse uma hidrelétrica explodindo. Tom só conseguia olhar para o chão. Lá embaixo, sua gatinha com o pescoço virado para cima olhava-o querendo dizer: eu estou aqui! Tom sentou-se no chão, encostou as costas no armário da pia da cozinha e, recebendo o agrado da gata, custava a aceitar a situação. Queria voltar no tempo. Desfazer o que foi feito. Custava a esquecer. Alterava-se entre o amor e o ódio. Quando o amor vinha, o ódio o endurecia para protegê-lo, mas não por muito tempo, pois o amor era grande. E nessa alternância, Tom continuou por horas. Quando enfim não havia mais lágrimas, ele se levantou ciente de que, quando acordasse, seria outro. Um dia essa história vai mudar... E assim, o pequeno Tom foi dormir. Pequeno na idade, mas muito calejado no coração. Erga-te guerreiro e faça-te o grande Tom Cabeleira!


por HUGO PEZATTI

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Então Vamos Falar de Rock n´ Roll

Me chamem de velho, ultrapassado, conservador, do que vocês quiserem... Mas eu não engulo esse "rock novo" não! Dêem uma olhada no clássico:


Saca "o grau" em que está o bicho... Quem faz isto hoje em dia? - Parte 1



O bêbado errante tocante... - Parte 2




Obs: se eu gosto de Raul Seixas, eu represento os mais novos de sua geração. Se para Raul o rock morreu em 1959, eu preciso pesquisar o porquê. Alguém me ajuda?

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Eu, eu mesmo e Kekaula.

Amy Winehouse? Duff? Cramberries? Evanescence? Que nada...

Quer um som belezinha, feito por quem manja de rock, com uma mina PODEROSA no vocal?

Tá ai mano véio!

A bagaça chama-se Bellrays e a mochacha dona do berrador é a Lisa Kekaula. Tá certo que os chifronésio não ajuda.. hahahahah... Mas saca as guitarras e cozinha dos meninos!! Demais literalmente!!! Drives no talo e o vocal quebrando tudo.



Clipe Maneiro!



Olha o cover!!

Uma banda que prima por ser independente mandando um som de qualidade! Raro! Enjoy Canalhas!!!

Daqui algumas horas, em breve num cinema perto de você o podcast!!!

"Se você tem uma mente aberta e quer um desafio em sua vida, então esse é o lugar onde você para e ouve. Se você precisa de alguém para lhe dizer aonde ir, vá ao site da Kelly Clarkson. Agora diga-nos o que nós somos, depois conte aos seus amigos se você gostou ou não" por Bellrays na sua página.

E para terminar uma influência de Lisa provando que a mina é do caralho mesmo!




Xando Xiospork gosta de mina pelada, cerveja gelada e farofa estragada.

domingo, 7 de novembro de 2010

Tom Cabeleira em: quando a vida vale a pena

- Vamos ter que segurar no braço! Quebra o teto e puxa a corda! - disse Tom.

O um metro quadrado do elevador apertava os três. E Tom era o menos desesperado. Por algum motivo, o elevador parou entre 19º e o 20º andar e, depois de meia hora de sufoco, a desgraça: o cabo que suspendia o elavador iria romper. A ideia era simples: subir "na cobertura" do elevador para diminuir o "peso da gravidade" agarrando ao cabo como um macaco no cipó e, assim, puxar o elevador para cima para diminuir a pressão no cabo, enquanto Moacir e Verônica (dentro da "caixa") tentariam "rasgar" a porta e sair do elavador (ou pelo 19º ou pelo 20º andar - o que estivesse mais fácil). O revesamento no "cipó" (entre Tom e Moacir) daria tempo e esperança para se livrarem dessa. Já que o socorro não vinha, era o que melhor dava para fazer. Loucura? Quando se está entre a vida e a morte você esquece a loucura. Simplesmente vai lá e faz. E assim, Tom e seus amigos se safaram dessa.

Do lado de fora, a comitiva de imprensa os aguardava...

-Filhos da puta! - pensou Tom. A gente se fudendo lá dentro e a galera reportando nosso desespero?

De repente, um barulho de bípi pairava no ambiente. Seria uma bomba? O caos e a desordem tornavam o local selvagem. Era cada um por si e foda-se! O medo movia as pessoas que, desesperadas, esqueciam quem eram. As máscaras da honestidade, do amor, do status e da beleza eram pisoteadas pelo "bando neanderthal" que fugia do predador como os guinus esquivando-se dos leões. Alguns preferiram se atirar do 19º andar em que se encontravam. Outros preferiram esperar, provocar os limites e deixar a bomba explodir. Já Tom, depois de segundos de reflexão com passividade (em meio a uma leve apatia), dava gargalhadas no meio da confusão. Porém, eis que o impacto da explosão arremessou todos de forma aleatória para fora do prédio. Tom só teve tempo para olhar seus membros e pensar: ainda estou inteiro! Enquanto avistava um urubu planando no céu azul sem nuvens, a jornalista que Tom topara logo de cara quando saiu do elevador chocou sua bunda ao seu rosto de interrogação. Dessa maneira, no meio da "voadeira" Tom não enxergava mais o céu azul sem nuvens e nem o urubu. Tudo ficara escuro, mas com cheiro de jeans mulher. Logo depois, Tom conseguiu abrir os olhos. A bomba, mesmo explodida, continuava a bipar ao seu lado. Deitado, Tom esticou o braço, pegou a bomba (que era pequena e cabia em sua mão) e disse:

- 10h45!

Pensou um pouco, respirou, limpou a garganta com uma leve tosse forçada e usou "a bomba" para telefonar ao seu luthier...

- Ela tá pronta?! - perguntou Tom com voz de sono.
- Opa! É só vir buscar!

Lento como sempre, Tom foi ao banheiro lavar o rosto, olhar pra si e pensar: caralho! Depois da quinta "agüada na cara", repensou, abriu um sorriso e falou para si: saudades daquela biscate!

Lá pelas onze e tantas da manhã, ligou seu carro e foi à loja de música em que seu luthier trabalhava. Bem recebido, logo perguntou:

- Essa biscate te deu muito trabalho?
- Não. Os trastes estão bons. Só dei uma regulada na ponte e uma endireitada no braço.

Ela podia ser feia, mas era uma guitarra marcante. Assim que Tom a ligou no cubo da loja, todos pararam para ver sua beleza. Ela não gritava... Gemia como uma puta! E nas mãos de Tom, ela reconhecia a pegada firme do dono e gemia de um jeito peculiar.

A transa na loja durou até às 13h00. Tom foi para casa e lá a acareciou por mais duas horas. O negócio era fogo e álcool. Entre uma e outra transa, Tom ligara para um de seus companheiros de banda, chamando-o para "dar um chêgo em casa" e pegar umas músicas. O companheiro, que fora acordado pelo Tom, comprometeu-se a aparecer por volta das 15h00. Na ressaca do sexo, Tom e a biscate cantarolavam tristes uma canção. Os versos do refrão descreviam o momento...

Entre quatro paredes
sou mais um irmão
consumindo o vício
da solidão

Tom estava mal! Encarnava a letra e se sentia down... O dia acabava ali. O desânimo colocaria um ponto em seu final de semana - quando o telefone tocou. Era uma amiga chamando-o para tomar uma naquela tarde. Comprometido, Tom recusou ao convite, pois aguardava o companheiro de banda. Porém, eram quase 16h00 e nada dele aparecer. Obstinado a se automedicar, Tom ligou para a amiga aceitando ao convite. Em questão de meia hora estavam juntos tomando uma...

Papo vai, papo vem e um camarada apareceu. Os amigos e a cerveja nitidamente melhoraram o humor de Tom. Ele estava curado! Cerveja vai, cerveja vem e era hora de ir. O camarada se despedira e Tom foi para a casa da amiga. Ele sabia no que ia dar; sabia do "combate" que viria. Ela, que morava com a irmã e uma amiga (mãe de um filhinho de uns dois anos), estava com a casa liberada. Porém, Tom e ela não tiveram calma e começaram logo "a guerra". Momentos antes de Tom "lançar o míssil e derrotar o inimigo", ela ouviu uma voz de criança. Tom apressou-se e pôs um fim na "batalha". Enquanto "a Tia" fazia a recepção à criança, Tom mijava no banheiro. Ele ouvia seu telefone tocar lá do quarto, mas não podia atendê-lo. Não havia "como" sair dali no momento, porém, eis que a mão amiga da "Tia" bateu na porta e trouxe o telefone ainda tocando para Tom...

- E aí Cabeleira, tudo em cima? Cara... Eu sei que agora são 21h00, mas precisamos que você quebre uma pra gente! O cara do barzinho ligou e está sem banda pra hoje. Cê faz essa?

Se fosse minutos antes - e caso Tom atendesse ao telefone - certamente Tom iria mandar o amigo "tomar no cu" (no bom sentido da camaradagem, claro!), mas como o cara ligou na hora certa, Tom aceitou. Não era a banda de Tom, mas ele sabia improvisar e conhecia o repertório dos caras. Só tinha um porém: o Tom estava bêbado e gozado (entenda como relaxado e sujo). A amiga não poderia acompanhar Tom nesta empreitada. Sem problemas! Tom foi ao seu apartamento pegar a biscate e, de lá, foi às pressas ao barzinho. Tom Cabeleira não esquecera o Velho Jack. Com as heróicas seis doses ainda sobreviventes na garrafa transparente, Tom se direcionou ao palco. O cara que ligou para o Tom logo disse:

- Êêêê Tom... Trouxe a pinguinha? É isso ae!

Tom não respondeu nada, pois não queria dar uma de chato. Mas pensou:

- Chamar o Velho Jack de pinga é dose hein! Por falar em dose...

A golada foi purificadora! Reabastecido com o álcool, Tom encorajava os primeiros acordes da banda. Era uma situação estranha, pois pela primeira vez naquele "boteco" Tom percebia o público frio. Já fizeram shows piores lá, mas mesmo assim a galera ficava enérgica. Talvez fosse o horário, afinal, sendo chamados de última hora, a banda começara a tocar tarde (por volta das 23h30, quando o normal da casa é as 22h00). Mas Tom não queria nem saber, já estava gozado e iria receber mais pelo "de última hora". Tom não precisava de mais nada, mas...

Como a banda começou tarde, não fariam intervalo. O show seria numa porrada só. Mas vale a pena lembrar que Tom sempre repudiou esta hisória de bandas fazerem intervalos durante os shows. Não achava isto rock and roll! Portanto, Tom estava mais confortável. Acabaria o show, pegaria a grana e terminaria a noite. Porém, eis que uma "a conheço de algum lugar" o fitava no palco. Morena e sem muita "chamação", parecia ser alguém que Tom conhecera na escola ou no cursinho - oito ou nove anos antes. Como todo bom ator no palco, Tom interagia com o publico e, é claro, com a morena.

- Aí galera! Valeu por terem ficado até o fim! Agora nós vamos mandar nossa saidera. Valeu! - anunciava o vocalista.

E depois da última, Tom foi para a cerveja, afinal, o guerreiro Velho Jack jazia no canto do palco esquecido e vazio. Obviamente, Tom foi matar a curiosidade. Porém, antes de Tom perguntar ou deixar entender que já conhecia a morena, ela revelou ser a recepcionista de onde uma ou duas vezes ao ano Tom corta o cabelo. E depois daquele papo chato de nossa que cabelo bonito, não corta e não sei que lá, Tom finalmente englobou a morena e, por osmose, regou as células gustativas de sua língua. Claro que Tom tentou arrastá-la ao seu apartamento, mas a moça era certinha demais.

Um dos caras da banda se aproximou dos dois e disse ao Tom: vamos voltar. Tocar mais uma meia horinha que a galera tá afim. Tom que não estava mais nem aí pra nada, disse: beleza meu. Rock n´ roll!

E voltaram! Durante a meia horinha final, a morena se despediu de Tom ainda no palco. Pronto! Era o fim da noite... Que nada! No meio da "guardação" das coisas, entre o vai e vem do carro para o palco, Tom trombou com duas garotas: uma loira e uma morena de vestido curto-colado preto. Educado que só, Tom cumprimentou com a cabeça as damas. Que retribuíram. Principalmente, a loira.

Nessa vida do jogo de conquista, Tom sabia que não dava pra ficar escolhendo. A que estivesse mais no jeito, ia. Mesmo porque, o Cabeleira não tem muita paciência para charmes que não virarão nada. Se for apenas questão de tempo, Tom tem toda a paciência do mundo para chegar nos finalmente. Mas quando o charme é de pura frescura, Tom dispensa logo de cara. A loira fez um charminho gostoso; a de vestido curto-colado, foi recepitiva e respeitou a amiga, ficando na dela. Tom ainda chamou o vocalista da banda para se juntar ao grupo e "cedeu" a de vestido curto-colado ao amigo. Que não virou nada, já Tom...

- Blá-blá-blá, blá-blá-blá e blá-blá-blá, tchau! Temos que ir! - disse a loira.

E no clássico beijinho no rosto de despedida, Tom mirou a boca da loira. Que desviou. Nem aí, Tom foi falar tchau para a morena de vestido curto-colado preto. E claro, mirou a boca dela também. Nada de novo... Nesse espaço de tempo, rolou um blá-blá-blá final e... Bingo! Tom beijara a loira. Aí o ir embora enrolou-se mais um pouco até que, finalmente, Tom e a loira se desgrudaram. Feliz, Tom voltou aos seus afazeres de desmontagem de equipamento. No palco, Tom estava sozinho e longe dos poucos que ainda restavam na casa - inclusive as duas amigas (rodeadas por "urubus mais novos"). Tom olhava as duas de longe e tinha certeza que um dos "urubus" estava "catando" a de vestido curto - mesmo não vendo amassos. Virou as costas e continuou a desmontar o seu equipamento. Segundos depois, essa de vestido-curto colado passou ao lado de Tom rumando ao banheiro feminino. Detalhe: sozinha. Tom analisou a situação e pensou:

- Quer saber? Existe 50% de probabilidade de ela realmente querer ir ao banheiro. Porém, existe os outros 50% de probabilidade de ela estar fazendo graça. Eu vou catar essa mina!

Como um felino à espreita, Tom esperou a morena de vestido curto-colado sair do banheiro. O cavalo da oportunidade passa uma vez só - pensava. E ela saiu do toalete. Tom não perdeu tempo:

- Oi! Tava te esperando sair!
- Como? - respondeu ela.
- Pra te falar tchau de novo... - Tom.

Nessa altura, Tom e a de vestido-curto colado já estavam próximos um do outro atrás de um pilar da largura de um box de banheiro. E sozinhos! Com a mesma tática velha e furada do beijinho no rosto na hora do tchau, Tom mais uma vez avançou nos lábios da menina. E mais uma vez ela tirou a boca da reta.

- Só um beijinho, baby! - choramingou Tom que insistia... - Dá uma olhada ao seu redor. Estamos sozinhos aqui. Ninguém vai ver...

Ela relutava com "aquele não de mulher" e Cabeleira, reconhecendo o tom sim do não, não se deu por vencido. E ela liberou um selinho.

(É pênalti! Agora só depende do craque...).

- Só um selinho? Me dá um beijo de verdade! - Tom.
- Mas você acabou de ficar com a minha amiga... - ela.

E os anos de experiência fizeram diferença quando Tom lhe respondeu:

- Mas você sabe que eu estava mirando você, né?

E ela se jogou com uma louca apaixonada em cima de Tom. Beijava-o de uma maneira que parecia engolí-lo. As mãos dela passavam no rosto dele e o arranhava perto do olho direito. Só pode ser um orgasmo! - conseguia refletir Cabeleira. Nem sua experiência esperava uma reação tão quente e ardente; uma resposta enlouquecedora. Tom gostava e queria mais! E só o pilar era testemunha. E na relatividade do tempo, aqueles poucos minutos viraram horas. Que delícia! Mas era hora de parar... Tom precisava dizer uma despedida marcante; cravar a vitória no peito. E ele se valeu de uma última tacada... Com cara de canalha, disse a ela, que já estava a um metro e meio de distância:

- Se alguma coisa valeu a pena essa noite, foi você gracinha!

Mandou um beijo no ar e se virou em direção ao palco - voltando aos seus afazeres como se nada tivesse acontecido. De lá, ele olhava os "urubus" de longe e pensava: Cês são novos molecada...

E quem disse que elas foram embora? Continuaram por lá. Tom Cabeleira estava nitidamente satisfeito e se aproximou dos caras da banda - que acertavam o cachê com o dono da casa. E eles estavam perto dos "urubus" (por volta de cinco) que aguardavam as duas amigas. Então, as duas ressurgiram do nada e, passando por Tom, a loira parou; a de vestido curto-continou seu rumo. A loira lhe pressionou:

- Você ficou com a minha amiga, né?

Provavelmente ele fora delatado, mas Tom preferiu dar uma de "joão sem braço"...

- Imagina, meu amor! Que isso...
- Ficou sim!

Nitidamente querendo mostrar para a outra que ela era a melhor, a loira agarrou Tom e sacou-lhe um amasso daqueles. A de vestido curto-colado viu o ato e respondeu. Pegou um "urubu" de camiseta vermelha e deixou que ele a beija-se. Tom não teve tempo para senitr ciúmes da de vestido curto-colado. Ou seja: "deixou o pau torar". Numa brecha de intervalo, Tom se virou para os colegas de banda e continou acertando o cachê. Um dos "urubuzinhos" foi parabenizar a mesma e se despedir da banda. Ele bateu as mãos no ombro esquerdo de Tom e, em sinal de respeito e admiração, falou-lhe:

- Cara... Cê é foda!

Qualquer homem sabe que, se outro homem o elogia, é porque o negócio é muito sério. O instinto paterno de Tom, aflorado pela bebedeira, se manifestou em pensamento quando ele sentira a vontade de adotar o "urubuzinho" e lhe ensinar o como se faz. Afinal, com certeza o "urubuzinho" só teria visto Tom com a primeira morena (que já havia ido embora) e a loira. Se ele soubesse da amiga que o convidara a tomar uma cerveja de tarde e da de vestido curto-colado, sem dúvidas mandaria erguer uma estátua de bronze em homenagem ao Tom Cabeleira...

De volta a loira, mais um amasso surgiu e de novo aquele papo do você ficou com a minha amiga, canalha!

- Mas tudo bem. Eu não ligo. - disse a loira.

O que mais de bom poderia acontecer naquela noite?

- Ah é?! Então vamos nós três para o meu apartamento. - insitou Tom...





por HUGO PEZATTI