domingo, 31 de outubro de 2010

O Esquema

Sabe-se que em Rio Preto há muitas bandas. Sabe-se também que muitas bandas são montadas para realizar o sonho de tocar no Vila Dionísio. Algumas conseguem e a maioria não. As razões para isto são duas: uma (que não vou tornar a dissertar) já foi esclarecida no texto Carta à OMB (setembro); a outra razão tratarei agora...

Luizinho (Moshe), Cristiano (Beatolados / Estação da Luz), Alberto Sabella, Juninho Moelas, Chris Ventura, banda The Wanteds e etc são músicos de excelente qualidade. Esses caras (e outros não citados) sabem tocar. E tocar não é só fazer o acorde ou bater no prato. É também ter a noção do que está fazendo, onde está tocando e para quem está tocando.

Tive a oportunidade de comparar estes músicos com outros em Rio Preto - frequentando alguns barzinhos e vendo algumas bandas novas. A questão da experiência e da profissionalização é uma diferença brutal entre as novas bandas e os músicos consagrados que tocam no Vila. Verdade seja dita: o Vila Dionísio trabalha com os melhores músicos da cidade e as bandas que realmente almejam chegar aos palcos do "Deus do Vinho" têm que se espelhar nestes músicos.
Sendo assim, aqui vai cinco dicas:

1º. INSTRUMENTO:
um bom instrumento dá oportunidade para o músico se desenvolver. E um bom instrumento gera timbre apurado e agradável aos ouvidos do público. Também gera o respeito da casa de show e das pessoas que entendem do assunto (é mais ou menos assim: você reflete a qualidade do instrumento que você toca).

2º. COMPROMETIMENTO:
o que é combinado deve ser cumprido. Isto inclui horário de
passagem de som, horário de início e fim do show e horário de intervalo. Estrelismo é luxo de bandas grandes, ok?

3º. REPERTÓRIO:
uma das diferenças mais perceptíveis entre banda profissional e banda amadora é o repertório. Banda que sobe ao palco sem um repertório para seguir é passível de amadorismo. Deve-se ter e seguir um repertório. Além disso, deve-se saber montar um repertório com as músicas certas (que consigam respeitar a voz e os ânimos do público) e tocadas na hora certa.

4º. IMPROVISAÇÃO:
não é brincadeira. Para improvisar, tem que saber improvisar. O improviso feito de qualquer jeito queima músicos e banda. E uma vez queimados... Já era! E é bom lembrarmos que, em Rio Preto, de 30 a 40 por cento¹ do público é composto por músicos (e eles o examinarão e julgarão sua banda). Outra coisa: é bom não abusar das improvisações. Uma a cada vinte shows está ótimo (em suma: faça o combinado [com a casa e com a própria banda]. É mais profissional - já falamos sobre isto).

5º. EXECUÇÃO:
uma boa execução é o que faz a diferença. Isto envolve dinâmica, timbre, instrumentos, tempo e uma série de outras coisas. Então fica a dica de algo que pode ser facilmente resolvido e que dá uma enorme diferença na execução: o volume. A banda precisa ser ouvida e, quanto mais altos estiverem os instrumentos, menos se ouve a banda. Por exemplo: uma guitarra alta faz o baixo aumentar o volume, o baterista "socar a mão" e o vocalista esguelar. E o público se afasta do palco, põe as mãos nos ouvidos e a casa nunca mais chamará para tocar.

Ficarei por aqui. Mas saibam que existe MUITO MAIS diferenças entre músicos profissionais e músicos amadores. Porém, estas dicas podem ajudar àquele iniciante que sonha em tocar nos melhores palcos de shows. Abraços!


¹.
dados supostos.


HUGO PEZATTI
é músico da OMB, crítico musical e nunca tocou no Vila Dionísio
.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O Tempo

É... O tempo...

Muitas vezes tenho raiva dele! E são vários os motivos. O primeiro é o mais óbvio: o filha da puta parece que passa devagar, mas quando a gente vê... Já era! Olhamos para trás e já era.

É por causa desse filha da puta que sou assim hoje. Uma criança que não quer envelhecer. Um adolescente que vive preso nos anos 90 - quando eu tinha algo entre 14 e 18 anos. Mas aí, quando ingresso num trabalho novo (uma escola nova) sinto que há uma certa dúvida - por parte dos outros - se darei conta do recado. Porém meu currículo me defende e então percebo que gero uma certa curiosidade na direção da escola. Por outro lado, não sei se consigo passar a imagem de professor aos meus alunos. Não sei como eles me vêem. E tudo isto por causa do tempo!

Tenho esticado a minha adolescência, meu cabelo, meu sonho de ter banda e (há um tempo) até retomei um velho amor (mas não deu certo, adivinhe porque...). E assim, entro em um outro drama: meus amigos e as pessoas da minha geração envelheceram. Muitos já são pais e/ou se casaram (ou já estão arranjados), e eu continuo assim... Vejam só: não faz um ano e me vi sendo acordado na calçada por um motoqueiro que passava de madrugada me perguntando:

- Amiguinho, tá tudo bem? Onde você mora?

Mesmo bêbedo consegui falar com o motoqueiro, explicando que eu não estava tão longe de casa. Não tinha ideia se havia dormido cinco minutos ou duas horas, mas minha carteira e meus pertences estavam comigo intactos. Eu tinha 26 anos na ocasião. A diferença desta paras as vezes que, adolescente, perambulava pela rua é que, agora, estava sozinho... Cadê todo mundo?

O tempo faz a gente perder amigos e conhecidos, faz a gente perder ambientes dignos de saudades, faz a gente perder sonhos e nos dá compromissos, responsabilidades e monotonia.

Viver então muda de sentido. O tempo nos dá experiência e rouba nossa inocência. (Há quanto tempo não enquadro uma garota no muro de uma rua qualquer tentando conseguir o mérito de passar a mão em sua bunda ou algo mais?)

Agora tenho que conviver com a banda larga e o celular, passando tudo a ser rápido e instantâneo... Não só cair na cama e consumar o ato - isso é muito bom! -, mas a própria relação social. Parece que tudo é cronometrado.

E pra piorar, ainda me vejo no limbo (ou algo parecido). Me vejo sem lugar na Terra. Ou seja: para os da minha idade, meu espírito é novo demais e não me enquadro; para os mais novos, já sou um "tiozão" cheio de manias e com uma linguagem diferente da deles...

Aí volto para a realidade, me olho no espelho e vejo minha barba que achava que nunca ia ter. Me olho no espelho e vejo meu rosto e barrigada inchados que achava que nunca ia revê-los. Me olho no espelho, vejo meu cabelo comprido e me pergunto: ainda estão aí?. Me olho no espelho, vejo a vontade de brilhar e reconheço meu sonho adolescente.

E continuo me olhando no espelho e me vejo só.

Hoje posso pegar o carro e praticamente ir para onde quiser (sonho de todo adolescente), mas não tenho com quem ir e para onde ir. Eu até tento. Do nada vou a São Paulo ou a Franca ou na famosa Puta Que O Pariu, mas não é a mesma coisa. O tempo roubou minhas companhias e me deu o carro, o dinheiro (salvo as proporções) e a liberdade. Mas o que eu faço com isso sozinho?

E é olhando para trás e sentindo falta da adolescência que tento aproveitar ao máximo esta época em que me encontro. Penso: será que um dia sentirei falta dos meus quase 30 anos? Na dúvida, tento aproveitar, mas é difícil, pois tento aproveitar como se tivesse 16, quando na verdade tenho 27 anos (só).

Acho que, se eu batesse um papo com Freud, ele me diria que eu devo ter perdido algo na minha adolescência e que só quando achá-lo é que mudarei de fase. E, na real, eu devo ter perdido foi a vontade de envelhecer, pois eu era muito feliz aos 15, 16...! Agora minha idade biológica não está "batendo" com minha idade de espírito e eu me vejo como um ser anacrônico. Algo como... Nossa! Que dia é hoje? Mas o que isto significa?


HUGO PEZATTI é um homem sem tempo, mas com tempo para escrever...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Tom Cabeleira & A Estrela

Seus 34 anos de história eram bem disfarçados por sua cabeleira. Tom adotara este visual ainda adolescente - fora o intervalo da faculdade - e nunca mais cortou "a peruca". Seu cabelo comprido não era só uma questão de estilo; era uma questão de ser. Ser aquilo que a sociedade mais quer, porém que mais tem medo: livre. O cabelão já se incoporara a sua genética e a sua personalidade. E não havia emprego que o fizesse cortá-lo... Ser livre era o que mais valorizava e, por isto, temia ser pai.

Mesmo porque, as mulheres viviam caiando em cima dele. E sabe como é... Mais perto dos 30, mais elas tentam "amarrar" os homens. Não é nada pensado. É apenas o instinto maternal. Por isto, Tom Cabeleira vivia em uma linha tênue entre o gozar e o ser pai. Mesmo temendo "a prisão", vezes e outras se aventurava em um gozo livre e profundo.

No trabalho, Tom Cabeleira se divertia. Quando não testava as pranchas, passava horas desenhando as curvas e pintando a madeira com um toque pessoal no artesanato. De noite, fazia o som das rodas de fogueira ou tirava "uns troco" com sua guitarra nos bares da cidade praiana. Tocando, ganhava bem na temporada. Mesmo assim, preferia o inverno, pois acreditava que só os verdadeiros amantes é que visitavam a praia nesta época. E assim, era no frio de julho que mais vendia pranchas, afinal, as ondas de inverno atraíam surfistas - profissionais e aspirantes.

Com a vida profissional equilibrada, Tom não queria se preocupar com mais nada. Mas um dia a desgraça aparece e fode...

E, se a desgraça tem cor, é vermelho-calcinha. Se tem asas é um avião que não voa. Se tem cheiro é de pós-banho. E, se a degraça tem nome, ela se chama Vitória... Com um nome desses não há batalha que se ganhe.

A Vitória olhara "O Descaso" e quis lhe cortar o cabelo (em outras palavras: tirar-lhe a liberdade). E a Vitória conseguiu, claro! - mas não literalmente. Tom começava a suspeitar de que o "avião vermelho" passara a levar um novo tripulante à praia, às rodas de fogueira e aos seus shows na casas noturnas. Numa noite de fogueira, Tom não se conteve...

Virando o último gole do Velho Jack, atirou a garrafa - que capotou pela areia fria - e se jogou ao mar com sua prancha. O mar escuro e silencioso - longe da praia - lhe dava a sensação do nada: uma imensidão para vagar sem rumo, sem direção e sozinho. Era o máximo da liberdade "paradoxando" com o mínimo da prisão (oceânica), afinal não tinha para onde ir e nem como voltar. Estava a deriva. Talvez, com o raiar do dia, poderia ver uma direção. De fato a situação refletia bem a sua vida naquele momento. Tom Cabeleira arrependera-se do que fez, pois o gesto em nada resolveu o problema da possível gravidez; pelo contrário, apenas lhe disse "cê tá ferrado tanto aqui quanto lá". E em outro gesto de desepero, Tom Cabeleira olhou para cima procurando as estrelas...

A estrela mais brilhante ficava cada vez mais forte e maior. Tom se desesperava, pois parecia que ela estava caindo. Era inacreditável! O Velho Jack não poderia ter causado toda essa visão... E a estrela realmente caiu. No mar! A sua frente! E era do tamanho de um prédio de cinco andares. Era redonda. O impacto da estrela gerou ondas que viraram a prancha e jogaram Tom na água. Era a prova de que aquilo era verdade! Trezentos e cinquenta metros separavam a estrela de Tom - que inutilmente escondia seu corpo submerso com a cabeça atrás dos dentes da prancha ao avesso.

Por algum motivo, a estrela afundou apenas pela metade. Ela boiava! Com medo, porém intrigado, Tom resolveu se aproximar do astro celestial. Pensou: pra quem tá fudido, até que isso é um bom passatempo! E assim, ele e sua prancha se aproximaram da estrela...

- Areia que brilha? - refletiu.

E, no topo da estrela, avistou uma placa:


ESTA AREIA DEMOROU MILHÕES DE ANOS PARA BRILHAR E LEVARÁ OUTROS MILHÕES PARA PARAR!

Incrível! Tom resolveu escalar a estrela e chegar onde a placa estava. Colocou suas duas mãos no astro e, pasme! Facilmente "plantou uma bananeira", porém, paralelamente ao mar. Trocou as mãos pelos pés e viu, às suas costas, o mar e a prancha que boiava. Era surreal! Esticando os braços, puxou sua prancha e a fincou como uma bandeira na areia brilhante da estrela.

Sem dúvida era a Melhor "Ilha" de Todos Os Tempos! Devo ter morrido e não sei - pensou. Era uma situação muito estranha: a sua frente, o céu negro-estrelado e a placa; atrás dele, o mar; abaixo, uma areia que brilha e, acima, o continente. Seguindo seus instintos, resolveu explorar "a ilha"; fazer o reconhecimento e saber o que ela podia lhe oferecer.

Tudo era muito maravilhoso para parar e pensar no que estava acontecendo. Preferiu se entregar ao desconhecido e se desplugar da possível prisão que deixara no continente.

Já no topo, a gravidade parecia ter voltado ao normal, pois o céu mais uma vez estava acima de sua cabeça. Sentado, Tom não parava de se maravilhar com a areia brilhante. Seria toda ela assim? Com dúvida, começou a cavar. E como era fácil cavar! Cada "mãozada" retirava quilos de areia. Lá pela vigésima "mão", um buraco fundo e claro se abriu! A estrela era oca por dentro! Outra surpresa: Tom não estava só...


Como um lustre da sala principal ou uma aranha grudada no teto, Tom observava curioso o que deveria ser um culto. Pareciam ser pessoas, mas eram normais? Talvez fossem, afinal, quem colocou aquela placa na "entrada"? De repente, o buraco, pelo qual Tom observava as pessoas, se rompeu, fazendo-o cair. Tom caía vagarosamente. Mais parecia uma pena do que o próprio Tom Cabeleira. As pessoas ainda não o haviam notado. E ele continuava a cair. Deu até para ele pensar onde ia se esconder e tentar se livrar dessa. Quanto Tom tocou o chão, o mesmo o arremeçou para cima, como se ele tivesse quicado como uma bola. Não é possível! - exclamou com o pensamento. Mesmo distante dos outros, se não parasse de quicar, logo-logo seria descoberto. Conforme dava as quicadas, Tom tentava se agarrar a algo. Além da areia brilhante, havia cabos e garrafas de cerveja ao chão. Foi segurando num destes cabos que Tom finalmente se fixou. Parecia que houve uma festa e, certemente, viria outra.

- Mais um! - gritou alguém. Está ali perto do gramophone! - apontou.

Perplexo, Tom olhou o gramophone ao seu lado. Descoberto, agora só restava esperar que se aproximassem e que fossem amistosos. Os rostos dos nativos eram bastantes familiares, mas Tom não estava em condição de raciocinar. Com medo, vergonha ou receio, não fixava o olhar para frente. Preferia olhar para baixo. Porém, uma das pessoas se aproximou, levantou lentamente o seu queixo e disse:

- Eu sei quem você é. Não precisa se esconder.

O cabelo liso, ruivo-cereja, que estava sobre a pele branca e os olhos negros foram rapidamente identificados por Tom. Era Vitória!

- Não pense que me achou aqui, Tom. Eu o estava procurando faz tempo. - disse ela.

Sem entender, Tom continuou introspectivo. Não havia ligação entre Vitória e a estrela. Aliás, não havia ligação em nada. Tudo não tinha o menor sentido. Pior ainda quando Tom criou coragem e começou a reparar ao seu redor. Com exceção de Vitória, todos os demais rostos eram de Tom. Havia uma centena deles. A única coisa que diferenciava é que, o verdadeiro Tom, estava molhado e de bermuda, o restante, usava calça jeans rasgada, o velho coturno preto e uma camiseta cavada branca.

- Quem são eles?
- Eles são os vários "você". - respondeu Vitória. E continuou... - Para conquistá-lo, eu tive que ir ganhando um por um. Foi difícil, deu um trabalho que só, mas eu consegui! O mais complicado foi que, além das várias maneiras de pensar e reagir dos seus vários "eu", cada um de "você" está em uma fase de sua vida. Olhe aquele ali! Tá vendo? Lembra de quando tinha 25 anos e que não acreditava no amor? Deu um trabalhão esse...
- Olha, não que eu não acreditasse no amor, eu não acreditava na fidelidade. Aliás, ainda não acredito, mas sou menos radical no momento.
- Eu sei. Seu outro "eu" já me falou isto...
- Quer dizer que estou diante da minha própria história?
- Parte dela, né? Sua história não é só você, convencido - brincou Vitória.
- E você, o que está fazendo aqui?
- Entrando para a sua história. Sou a coisa mais importante para você.
- Como assim?
- Eu estou grávida!

A palavra ecoou como um megafone gigante. Todos os Tom pararam e questionaram uns para os outros: grávida? O verdadeiro Tom olhava ao lado procurando algo. Os outros Tom sabiam o que procurava e logo um deles tratou de trazer uma garrafa do Velho Jack e disse:

- A nós!

Tom olhou para Vitória...

- Se você está grávida, eu estou no inferno! Só pode ser. Isto é o inferno! - e deu gole no Jack.
- Inferno é o que eu vou fazer com você agora!

Vitória prensou Tom na parede e começou a chupar seu pescoço com violência. Ele sentia o cheiro de banho tomado e na hora lembrou porque se apaixonara. Ela era um fogo e gostava do sexo de Tom. Ela sabia a hora de ceder e a hora de impor, sabia a hora de agradar e a hora de pedir, sabia ser uma santa e sabia ser uma puta. E ela sabia como Tom pensava. Ela conhecia todos eles, conhecia sua história e até seus medos. E o pior deles estava acontecendo. E mesmo na gravidez, ela sabia como levar o Tom.

Depois de horas do mais puro ardor, Tom e Vitória repousaram ao som do gramophone. Ele dormia pesadamente e ela, serena e suave. No meio do sono, ela acorda:

- Tom! Acho que vou vomitar!

E ele desperta na areia fria da praia, olha a fogueira ainda queimando, vê o Velho Jack vazio perto do mar, levanta a cabeça pro céu em sinal de desespero, vê sua estrela vomintando e pensa: estou nascendo de novo... Adeus Tom! Oi Tom!





por HUGO PEZATTI

domingo, 17 de outubro de 2010

Rádio Canalha no TOCA ROCK!

O TOCA ROCK! foi um evento que aconteceu ontem, dia 16 de outubro, em São José do Rio Preto-SP no REPÚBLICA. Nosso enviado especial, o ex-efermo Hugo Pezatti, nos conta como foi...

HUGO PEZATTI: "Como tantos outros eventos (até mesmo o SWU Brazil (2010) - em breve relato do festival), o TOCA ROCK! teve seus problemas, mas colocando-os na balança o evento não saiu perdendo (e nem ganhando...).

O primeiro incômodo que senti foi a falta de lugar para parar o carro, pois havia muitos já estacionados; por outro lado, isto era bom pois significava que o local estava cheio.

Pagando os 12 reais de portaria, entrei no evento. Havia dois ou três seguranças, um bar que repunha gelo e bebidas (já entendeu?) e 400 pessoas aproximadamente (número não oficial).

Quando entrei, o Pennywise tocado logo de cara pela banda Emla (pelo menos, foi isto que entendi) me animou... Seria um evento das antigas... E foi! A maioria esmagadora (para não dizer total) do evento era composta por uma faixa etária acima dos 20 anos. Isto quer dizer que não vi nenhum emo, salvo uma emazinha na entrada, do lado de fora, com uma calça de lycra preta e tênis nike de cano alto branco com detalhes rosas e verdes-limão. Uma gracinha! Mas totalmente perdida ali. Os vocais da banda Emla estavam baixos. Estranhei, pois o som alugado era o do Podrão e era ele próprio quem estava equalizando os PA's - e pra quem não conhece o trabalho do Podrão, saiba que é bom. Já tive boas experiências com ele equalizando shows da Pronúncia... Pensei em chegar ao Maleita - um dos guitarristas da Emla - para dar o toque, mas me adverti: me julgarão como um velho crítico chato que não entende nada do momento glamuroso de estar no palco como pavões se exibindo para as 'pavoas'. Deixei quieto! Aprendi com o tempo que, aqui em Rio Preto, as pessoas têm os egos muito inflamados e interpretam sugestões como críticas. Não tenho como saber se seria o caso do Maleita (da banda Emla), mas preferi não me arriscar. E por que não falar com o Podrão? Bom, o cara entende pra caralho disso e já devia estar puto com os baixos vocais. Eu não passaria de mais um chato lhe dizendo o que fazer, sendo que ele já estava fazendo o que dava para se fazer... Mas beleza... A Emla representou bem o punk californiano do final do século passado. Foi uma banda que me surpreendeu, pois fazia anos que não escutava esse tipo de som ao vivo.

Fator negativo do evento era o calor! Meu... insuportável! A boa notícia é que se podia sair do evento, tomar um ar, e retornar depois. Porém, para mais eventos ali, será preciso criar estratégias para amenizar este problema - quem se lembrar das principais críticas do Toma-Rock, saberá o que estou dizendo...

A segunda banda foi a M.U.T.E - que misturou a pegada hardcore com o rapcore. Foi a única banda de atitude, pois foi a única que deu a cara tapa, arriscando-se a tocar músicas autorais. Porém, nem tudo é perfeito. A banda M.U.T.E inflamou o repertório com covers dos Raimundos, que foram a maioria de seu set-list. Mas valeu a iniciativa! Parabéns a banda M.U.T.E !

Depois de muitos e longos tempo de espera - para montar os equimentos e instrumentos - no calor úmido do República, a banda Motordrunk entrou em cena. Porém, talvez fosse o caso de se pensar em dois palcos, pois as trocas de bandas estão muito demoradas! Não só por parte das bandas, mas por falta de estrutura mesmo. Casa lotada e músicos carregando instrumentos pra lá e pra cá por falta de um local adequado para as bandas (o famoso backstage) resultou na longa espera entre uma atração e outra. Sabe como é... É exigindo que se chega à qualidade. Basta ver a nossa política. Olha a bosta que ela é. E adivinhem o por que?

Mas voltando a questão dos dois palcos... Ano passado eu presenciei esta experiência no local. Enquanto as bandas do palco principal iam montando seus instrumentos, uma banda cover de White Stripes ocupava o público em um local oposto. Assim, o evento não parava e as bandas do palco principal ganhavam tempo e espaço para se prepararem. Desta maneira, nos próximos eventos o público sairá ganhando - pois terá mais bandas, que inclusive poderiam ser AUTORIAIS (está mais do que na hora...) e as bandas do outro palco ganharão alívio para se prepararem. Isto só tende a melhorar a qualidade do evento - e da propaganda! Cá entre nós... Olha a merda que eu estou fazendo...

Assim que a Motordrunk começou, os vocais de Nasa fizeram jus ao Podrão. Pra mim, ficou claro que, nas outras bandas, o problema não era o som, mas a potência da garganta; o tal do vocal poderoso - muito bem ressaltados pelo experiente Tio Bôra, que mais uma vez me acompanhou em uma empreitada.

Não fiquei até o fim do show da Motordrunk e nem peguei o encerramento do evento - com a banda cover de AC/DC (a AC/DCity). É que, além do calor e o fato de eu estar me recuperando de uma febre, a "mesmice" estava me enchendo o saco. Muda-se o local, muda-se as bandas, mas as músicas e os eventos são os mesmos. Já que o final todo mundo já sabe, gostaria que vocês o escrevessem no 'COMENTÁRIOS'. Qualquer um pode escrever..."


por HUGO PEZATTI
enviado especial da Rádio Canalha

sábado, 16 de outubro de 2010

Xando Xiospork comenta frases canalhas

Se não basta copiar alguma coisa, o melhor é comentá-las com o lirismo telúrico que impropera de minha virtuosa boca. EEEEE beleza, melhor que isso só o Mano Brow!!! É nóis.

"Rock and Roll não se aprende nem se ensina." (Raul Seixas)
XxX: Eu pensava que tinha aprendido alguma coisa...

"Rock and Roll pode ser divertido e perigoso ao mesmo tempo." (Billie Joe Armstrong)
XxX: Vou falar isso no próximo almoço de domingo na casa do pai da minha namorada com uma lata de cerveja na mão e um cigarro na outra...

"Quando você faz sucesso com uma banda de Rock and Roll, tem que conviver justamente com as pessoas de quem você queria fugir ao fundar uma banda de Rock 'n' Roll." (Renato Russo)
XxX: Pai dos emos.

"Nós somos apenas cinco caras vindos das ruas que eram espertos demais para a escola e bobos demais para o mundo real, então formamos uma banda." (Sebastian Bach)
XxX: Na escola era pior...

"Temos sido acusados de fazer o mesmo álbum uma dúzia de vezes. Mas isto é uma mentira suja. A verdade é que fizemos o mesmo álbum 14 vezes." (Angus Young)
XxX: Como diria o TeleTubbies...
"Eu já vi Deus quando tomei ácido e posso garantir: o cara á bem mais forte que eu." (Lemmy Kilmister)
XxX: Foi o cão que botou prucê bebe!


“No dia 23 de agosto de 1974, às nove da manhã, eu vi um OVNI.” (John Lennon)
XxX: Tirava uma foto e postava aqui na Rádio caceta!

“Uma porrada de bandas ruins vendem uma porrada de discos e uma porrada de bandas ótimas não.” (Chris Martin, Coldplay)
XxX: É impressão sua isso...

“Eu já ouvi Prodigy e Oasis no rádio. Não gasto o meu dinheiro com lixo desse tipo.” (Keith Richards)
XxX: O pirata é Phoda mesmo...

"Um veículo anti-religião." (Papa Chico Bento XVI acho que é isso)
XxX: És contra tu papito...Contra Jesuis não...

Tudo parece indicar que não vão se dar bem. São considerados o grupo mais feio da Grã-Bretanha. Não são bem vistos por parte dos pais e nem pelos irmãos mais velhos.” (Daily Mirror, sobre os Rolling Stones – 1965)
 XxX: É véi...se for fei tá fui..d...do 



Xando Xiospork nasceu jegue, não aprendeu nada e esqueceu a metade. 




 

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Skatecore

A banda BELVEDERE nasceu no Canadá em 1995 lançando seu primeiro álbum “Because no one stopped us” em 1998. E como o nome do álbum de estréia sugere, ninguem podia pará-los mesmo. Daí pra frente vieram mais 3 discos e 2 splits. O meu favorito e item obrigatório no rádio do carro é o último de 2004 – “Fast Forward Eats the Tape” , na minha opinião o melhor disco de hardcore de todos os tempos. Melodias surreais, guitarras alucinadas, bateria frenética, baixo gritante e arranjos vocais muito bem colocados. Costumo chamá-los de o Roupa Nova do hard core pela beleza e alto nível técnico das músicas. Atenção especial para as canções “Subhuman Nature “ que abre o disco anunciando a pancadaria que vem a seguir, “Brandy Wine” com uma linha de baixo impecável e vocais de arrepiar, na faixa “Early Retirement” os rapazes mostram com clareza o que hoje é chamado de skatecore , com velocidade e técnica de deixar muita banda de metal com inveja.







Achei essa semana fuçando um pouquinho em outros blogs um tributo com bandas do mundo inteiro, homenagem mais do que justa para essa grande banda que infelizmente encerrou suas atividades em 2005.



Mas deixaram frutos, o vocalista Steve Rawles e o baterista Graham Churchill fundaram a banda This is a Standoff seguindo a mesma linha da finada Belvedere – This is a Standoff já soma dois discos em sua história, Be Excited de 2007 e Be Disappointed de 2009.
















Links:

Belvedere : http://www.myspace.com/tributetobelvedere - Tributo aos criadores do SkateCore


This is a Standoff
: http://www.myspace.com/thisisastandoff

Outras bandas de hardcore rápido, lembrando que velocidade e barulho não são sinônimos.

The Fullblast: http://www.myspace.com/thefullblast

Beerbong: http://www.myspace.com/beerbong - Para quem gosta de um punkrock bem feito esses italianos são sensacionais. Começando pelo nome que além da cerveja é uma música do álbum Liberal Animation dos pais do HC, NOFX.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Guerra? Cê tá brincando...

Digitalizaram até a guerra!

Bom... Menos mal. Pelo menos essas coisas não explodem de verdade!


É que a Rússia criou armas de guerra (como tanques, lança-míssil e caças) infláveis. Isto mesmo! Infláveis. Além do baixo custo, a vantagem é que o "exército" se desloca muito rápido. E o material que confecciona estas unidades militares são detectáveis pelos radares. Ou seja: será que o inimigo pagará para ver se o exército detectado no radar é um exército inflável?


Isto me lembrou um pouco os clássicos jogos WAR e BATALHA NAVAL. Quando o meu objetivo no WAR era conquistar determinado país (ou continente) lotado de inimigo, eu postergava até quando não dava mais para atacá-lo. Sabe como é, né? Um confronto com aquele tufo de inimigo poderia gerar grandes baixas no meu exército... Mas, se eu soubesse que aqueles exércitos poderiam ser infláveis, quem sabe... Já em relação ao BATALHA NAVAL, estou imaginando os exércitos jogando bombas em uma unidade militar mais distante do "bolo" - para ver e analisar se esta unidade, ao explodir, se mexe no radar. Se não mexer é porque o exército é inflável. Ufa! - pensarão...

A guerra bem que podia ser assim, de brincadeira. O inimigo derrotado aceitaria a vitória do opositor e, depois da guerra, ligariam a televisão ou jogariam outra partida... Bem que esses caras poderiam tirar umas no
Counter Strike (famoso CS). Este e os jogos WAR e BATALHA NAVAL, além de mais em conta, são seguros, divertidos e até sociáveis...

fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4728948-EI8142,00-Russos+lancam+tanque+de+guerra+inflavel.html

HUGO PEZATTI é ex-viciado em Master System II.
contato: hugopezatti@hotmail.com

domingo, 10 de outubro de 2010

Podcast New Model Army

Ae galera como eu tinha prometido 8  musiquetas dos manos de Bradford.
Está em ordem cronológica com uma diferença de 10 anos as duas ultimas músicas!!!
Enjoy!!!

Por que Rádio Canalha?

Por pura inveja! Sim! Inveja pura... Mas, calma! Não é daquela inveja corrosiva, negativa e maldosa; é daquela saudável, que dá vontade de seguir o exemplo, sabe?

Tudo começou num final de tarde quando eu estava garimpando shows para a banda Pronúncia. Coisa difícil de se fazer, pois banda autoral é problema aqui no Brasil... Espaços para tocar são poucos e, mesmo quando abrem, o público não colabora. Mas, enfim...

Vagava pelo Orkut naquele final de tarde. Estava atrás de um festival chamado Plis Rock (que acontece na cidade de Penápolis-SP - e que já entrei em contato várias vezes com os caras e nada...). Ao entrar na comunidade do festival, me deparei com um link¹ em algum lugar da página. O link era de um site que contava uma breve história do rock de Penápolis (assinado por Fred Di Giacomo e com a colaboração de André "Ramone" Gubolin).

Li! E a inveja "matou"... Logo pensei:

Até Penápolis que é um "ovo" tem um movimento rock organizado, "patriótico". Que vergonha que é aqui... (ainda mais sabendo que a história do rock riopretense é rica, cheia de fatos para contar).

Já que o rock made in Rio Preto está uma merda, pensei em copiar uma "breve história do rock riopretense". É que, como historiador, ingenuamente acredito que ao se saber da história (de algo ou alguém), pode-se mudar pontos de vista e se fazer algo para recuperar o bom que foi perdido (ou mesmo tentar criar algo melhor). Mas é claro que já aceitei o fato de este pensamento ser mero romantismo, porém e daí? Os punks também amam, não é mesmo Xando? E não à toa, o texto de estréia da Rádio Canalha foi: O que não move nada - o punk e o bêbado².

Joguei a ideia para o Xando Xiospork (via MSN mesmo). E ele me disse:

Mas por que você quer fazer um blog sobre a história do rock de Rio Preto, sendo que você ainda vive o rock riopretense?

E como uma luz clareando os pensamentos do século XVIII, concordei com Xando.

Ok! Mas por que o nome Rádio Canalha - deve estar se perguntando... Agora que sabe a história do blog, vamos a história do nome do blog...

Os antigos Xiospork´s, Xando Xiospork e Rans Chuck Nerves, resolveram voltar a ativa... Porém, como não dava mais para reunir os originais membros da banda (tem hora que a própria vida impede essas coisas), eles resolveram fazer um outro projeto "bandal". Para isto, chamaram Hugo Pezatti - que vos escreve neste momento. Assim formaram uma nova banda; que se chamaria (ou chamará) Rádio Canalha. Rádio porque é algo clássico, algo raro que não se tem mais; uma tentativa de resgate cultural, além do que, no rádio se ouvia/ouve rock n´ roll, informações, comédias, novelas (putarias) e etc... E, canalha, porque "canalha" se adequa a tudo. Sacana é canalha; irônico é canalha; satírico é canalha; mulherengo é canalha; crítico é canalha; observador é canalha; voyeur é canalha; free lancer é canalha; o Xando é canalha; e, no fim das contas, todo mundo é canalha ou tem uma "canalhice" enrustida.

Eis que no dia 03 de agosto de 2010, Xando Xiospork me aparece com o blog www.radiocanalha.blogspot.com e, assim, fomos adicionando colaboradores phodásticos e "canalhando" você! Mas a história não para por aqui. Laissez faire laissez passer...


¹. http://www.punkbrega.com.br/2010/07/breve-historia-do-rock-de-penapolis-1985-2003/
². http://radiocanalha.blogspot.com/2010/08/o-que-nao-move-nada-o-punk-e-o-bebado.html


HUGO PEZATTI é historiador, vocal/guitarra da banda Rádio Canalha, baterista da banda Pronúncia e colaborador phodástico nos tempos vagos.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Eu acredito!

Não é de hoje que gosto de algumas bandas menos conhecidas e nem tanto de outras que são consideradas as maiores. As vezes pelo nome da música, chama a atenção, e de cara ja seleciono na minha cabeça como a que eu devo ouvir. Isso no tempo dos encartes, pela internet já é um pouco diferente. Mas isso é outra história.
Meu companheiro de banda, Mr. Fabim Gonzalez, apresentou-me o New Model Army em 1997. Ele sempre falava nos nossos papos, (até antes dele entrar para o XioSPork´S) sobre Justin Sullivan, Robert Heaton e principalmente sobre as linhas de baixo da banda. Robert Heaton é um dos melhores bateristas que vi tocar, seja tanto pelo seu estilo nada convencional, como por ajudar Justin a escrever as letras e compor algumas das melhores músicas do NMA. 
Nessa época o donos dos citados CD´s era o Flávio, irmão do Fabinho, que pagava a módica quantia de R$60,00 por disco e tinha a discografia completa!!!!! Ele comprava por uma importadora de São Paulo e era o único que eu conhecia que detinha essas perólas. Se para os tempos de hoje é loucura, imagina na decada de 90 pagar esse preço. Hoje com o advento da internet todos podem usufruir de seu repertório. Romantismo a parte, a música é ainda melhor. Como ja disse anteriormente a cozinha da banda foge do convencional, mas o vocal grave e seco de Sullivan sugere aquilo que ele diz: "instintivo".
Pode ser que num primeiro olhar demore para gostar e "digerir" o som. Mas postura de rockeiros os malditos tem de sobra. Reza a lenda que a falta do dente de Sullivan, onde o mesmo auto-extraiu, foi ver "uma cena grotesca onde ele sentiu uma dor no coração tão forte" que suscitou tal comportamento para aplacá-la. Uma vez num show ele levou um choque e disse que viu "a luz branca" onde até escreveu a música "white light". Mas são apenas histórias e histórias a parte:


 P.s.: Vou colocar um podcast com uma seleção pessoal minha, por agora fiquem com dois vídeos.






Eu assino embaixo e acredito!!!

Xando Xiospork é crente praticante da Igreja Triangular Esquizofrênica Quadrada do Rock.

 

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Coisas que Xando Xiospork pensa quando não tem nada para fazer... (parte 1)

Quando se tem o pensamento fragmentado (meio esquizofrênico meio legalzão), a memória busca nos confins de alguma década .....

Lembrei...

Estava tentando lembrar disso, como a muito prejudicada (a cabeça).. gogliei-me

"O rico e o pobre são duas pessoas.
O soldado protege os dois.
O operário trabalha pelos três.
O cidadão paga pelos quatro.
O vagabundo come pelos cinco.
O advogado rouba os seis.
O juiz condena os sete.
O médico mata os oito.
O coveiro enterra os nove.
O diabo leva os dez.
E a mulher engana os onze."

Satisfeita minha curiosidade, por demais procurando algo para entreter-me:



e beleza!!!!


P.s: Esses dias engasquei-me, e logo pensei: "Se morrermos engasgados não teremos tempo para proferir as últimas palavras."

Sendo assim lá vai as minhas.

"Eu não gosto do governo"

terça-feira, 5 de outubro de 2010

EM BREVE...

1º semestre de 2010...

Parecia algo estático... Não me lembro bem se sentia frio ou se estava frio. Caminhei em sua direção e nada! Nenhuma reação... Entre mim e a “estátua”, folhas secas amareladas voavam ao vento. Eu sentia frio. E um calafrio também.

Era hora da verdade... Ou eu ou essa “estátua” tomaria uma iniciativa. Respirando fundo, movi meus braços. Os olhos petrificados logos se moveram... E em direção a mim! Ai caralho! – pensei. E não é que essa aberração estava viva mesmo?!

E que graça tinha agora?

Virei as costas, saí andando e a deixei por mais uma eternidade. (O legal era descobrir...). Dei um nome a ela – Cláusura de Ofício - e, então, o novo virou velho.

- Rosebud!

- Ahn?!

E a atrevida insistia! Tirou a roupa e, de pé em uma bacia, começou a tomar banho de abacate. Pois é... A-BA-CA-TE! Eu não sabia se ria, se olhava a pretuberância “Ohana” ou se observava a moça ao lado que há horas penteava-se de fronte ao espelho portátil.

Dois homens com máscaras de barro rodeavam o local puxando uma caixa de papelão e queriam dar a impressão de uma caixa pesada... A japonesa que estava comigo usufruía de sua ligeira vantagem oriental, pois com certeza não via as coisas como eu... Olhei para ela e disse:

- O dia em que eu entender isso aqui estarei louco!

E de fato: Só loucos para entender aquilo. E não é pra menos... Nem o presidente do Não Sei Que Lá (vai lembrar o nome agora...) das Artes do Rio de Janeiro entendia o que ocorria. Mas arte é isso mesmo! Cada um interpreta a sua maneira, de acordo com a sua visão. Por exemplo: adorei aquela menina tomando banho de abacate - embora não entendi bolufas da mensagem que ela quis passar... Mas esse meio é assim; fora da realidade. Nesse meio da para se duvidar de tudo. Até se eu fui!

Além de tudo, legal pra caralho era o espírito de coletividade... Bem hippie anos 60 e Os Novos Baianos anos 70... Não se cobrava nada para entrar, apenas pedia-se uma garrafa de vinho (mas não era obrigatório levar). E assim, a cozinha se tornara o reduto dos normais (os bêbados).

Nesse dia constatei na prática que, para se proteger da viadagem, nada melhor do que uma fêmea com você. Cada olhada de viado era um tapa na bunda da Japa, seguido de uma sacanagenzinha qualquer, claro! E quanto mais vinho ia, mais soltos ficávamos... Embora não fizemos nada ali, se eu transasse com a Japa, as pessoas parariam para olhar achando que seria uma exposição de arte. Até imagino aqueles olhares curiosos nos rodeando e tentando nos entender...

E acredite: por incrível que pareça ser, eu estava em um Festival de Arte de Apartamento, porém, feito em uma chácara! Não sabia se a chácara fazia parte do “jeitinho brasileiro” ou se era uma das artes de se fazer arte de apartamento em uma chácara... Não entendeu? Relaxa! Cê tá no espírito da coisa...

E foi juntando isso ao show solitário em my house, que salvaguardo a Noite da Arte Canalha Moderna de 1922. Não perca!