domingo, 31 de outubro de 2010

O Esquema

Sabe-se que em Rio Preto há muitas bandas. Sabe-se também que muitas bandas são montadas para realizar o sonho de tocar no Vila Dionísio. Algumas conseguem e a maioria não. As razões para isto são duas: uma (que não vou tornar a dissertar) já foi esclarecida no texto Carta à OMB (setembro); a outra razão tratarei agora...

Luizinho (Moshe), Cristiano (Beatolados / Estação da Luz), Alberto Sabella, Juninho Moelas, Chris Ventura, banda The Wanteds e etc são músicos de excelente qualidade. Esses caras (e outros não citados) sabem tocar. E tocar não é só fazer o acorde ou bater no prato. É também ter a noção do que está fazendo, onde está tocando e para quem está tocando.

Tive a oportunidade de comparar estes músicos com outros em Rio Preto - frequentando alguns barzinhos e vendo algumas bandas novas. A questão da experiência e da profissionalização é uma diferença brutal entre as novas bandas e os músicos consagrados que tocam no Vila. Verdade seja dita: o Vila Dionísio trabalha com os melhores músicos da cidade e as bandas que realmente almejam chegar aos palcos do "Deus do Vinho" têm que se espelhar nestes músicos.
Sendo assim, aqui vai cinco dicas:

1º. INSTRUMENTO:
um bom instrumento dá oportunidade para o músico se desenvolver. E um bom instrumento gera timbre apurado e agradável aos ouvidos do público. Também gera o respeito da casa de show e das pessoas que entendem do assunto (é mais ou menos assim: você reflete a qualidade do instrumento que você toca).

2º. COMPROMETIMENTO:
o que é combinado deve ser cumprido. Isto inclui horário de
passagem de som, horário de início e fim do show e horário de intervalo. Estrelismo é luxo de bandas grandes, ok?

3º. REPERTÓRIO:
uma das diferenças mais perceptíveis entre banda profissional e banda amadora é o repertório. Banda que sobe ao palco sem um repertório para seguir é passível de amadorismo. Deve-se ter e seguir um repertório. Além disso, deve-se saber montar um repertório com as músicas certas (que consigam respeitar a voz e os ânimos do público) e tocadas na hora certa.

4º. IMPROVISAÇÃO:
não é brincadeira. Para improvisar, tem que saber improvisar. O improviso feito de qualquer jeito queima músicos e banda. E uma vez queimados... Já era! E é bom lembrarmos que, em Rio Preto, de 30 a 40 por cento¹ do público é composto por músicos (e eles o examinarão e julgarão sua banda). Outra coisa: é bom não abusar das improvisações. Uma a cada vinte shows está ótimo (em suma: faça o combinado [com a casa e com a própria banda]. É mais profissional - já falamos sobre isto).

5º. EXECUÇÃO:
uma boa execução é o que faz a diferença. Isto envolve dinâmica, timbre, instrumentos, tempo e uma série de outras coisas. Então fica a dica de algo que pode ser facilmente resolvido e que dá uma enorme diferença na execução: o volume. A banda precisa ser ouvida e, quanto mais altos estiverem os instrumentos, menos se ouve a banda. Por exemplo: uma guitarra alta faz o baixo aumentar o volume, o baterista "socar a mão" e o vocalista esguelar. E o público se afasta do palco, põe as mãos nos ouvidos e a casa nunca mais chamará para tocar.

Ficarei por aqui. Mas saibam que existe MUITO MAIS diferenças entre músicos profissionais e músicos amadores. Porém, estas dicas podem ajudar àquele iniciante que sonha em tocar nos melhores palcos de shows. Abraços!


¹.
dados supostos.


HUGO PEZATTI
é músico da OMB, crítico musical e nunca tocou no Vila Dionísio
.

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